Talita:
Remexendo meus arquivos, a procura de um outro assunto que gostaria de incluir neste nosso livrinho, deparei-me com o texto abaixo, escrito em junho de 1996, precisamente há 10 anos. Ah, que saudades das minhas caminhadas quilométricas, respirando o ar puro de Araras!As limitações impostas pela saúde física, são evidentes e compreensiveis.Felizmente,a saúde mental continua vigorosa!
ACREDITE, SE PUDER
(FJGM- junho de 1996)
Nos últimos anos adquiri um hábito fantástico: caminhar, diariamente, de 6 a 8 km. Só o exercício físico já seria o suficiente para proporcionar resultados muito positivos. Acontece que, ao caminhar, procuro pôr em prática outros exercícios mais ligados ao plano das idéias, da imaginação. E foi justamente durante uma das recentes caminhadas, enquanto respirava o ar puro das montanhas, subindo e descendo longos trechos da estrada, sentindo a brisa fresca e o perfume suave da vegetação, que me ocorreram estimulantes indagações filosóficas, relacionadas à expansão da consciência humana.
Gostaria de compartilhar com muitas pessoas as idéias que me vieram à mente. É possível que algumas dessas pessoas venham , então, a sentir o mesmo prazer que experimentei, enquanto meditava sobre os diferentes níveis de consciência que distinguem os seres vivos.
Não sei o que me levou a pensar, inesperadamente, nas baleias e nos grupos humanos que se empenham na proteção desses animais.
Até agora, suponho que as baleias não tenham noção da existência de seres que possam vir a se preocupar com a preservação dessa espécie animal. Aliás, suponho também, que elas não cheguem sequer a suspeitar do que vem a ser "preocupar-se", "preservação", "espécie" e muito menos a integração desses conceitos.
O fato de as baleias não terem consciência da existência de entidades que zelam pela sua preservação não impede que tais entidades proliferem e persistam lutando para protejê-las.
E nós, homens, não seremos também animais desprovidos de uma consciência - pelo menos no estado atual - capaz de perceber a existência de seres, entidades ou forças superiores que, analogamente ao que ocorre com as baleias, zelam pela preservação desta pobre espécie?
Não admitir a possibilidade da existência de algo inteligente que esteja fora do alcance da nossa percepção não garante, absolutamente, que esse algo seja apenas fruto de uma imaginação doentia.
Os movimentos a favor da ecologia estão se aprimorando a cada dia, independente dos integrantes dos reinos mineral, vegetal e animal terem ou não consciência do que está sendo feito a respeito.
Não deixa de ser estimulante admitir a possibilidade de haver alguma força misteriosa e incorpórea que esteja batalhando a nosso favor. O que parece mais absurdo: admitir esta hipótese, com base na humilde constatação das nossas limitações perceptivas, ou negá-la, peremptoriamente, com base na presunçosa certeza de que somos racionalmente infalíveis?
No início desta conversa, disse que gostaria de compartilhar com muitas pessoas as idéias que me vieram à mente. A troco de quê teria eu este objetivo? Simplesmente pelo prazer de estar possibilitando que outros sintam a mesma alegria que senti. Alegria decorrente de haver encontrado uma pista, um recurso, um motivo capaz de fortalecer a fé que muitas vezes se apresenta vacilante, particularmente, quando atravessamos momentos difíceis.
Amigo leitor, desejo sinceramente que este texto lhe traga algum benefício. Admita que o fato do autor não o conhecer pessoalmente não chega a afetar a intensidade do desejo de lhe ser , eventualmente, útil. Acredite, se puder.
27 junho 2006
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