Aviso aos navegantes desta galera.


Ótimas Notícias:
1.Depois de longo período inativo, nosso computador já está recuperado!!!
2.Apesar desse longo período de inatividade, o blog www.esperantoforadatoca.blogspot.com foi incluído no rol dos concorrentes que participarão da 2ª fase do concurso TopBlog2010,na categoria COMUNICAÇÃO( pessoal).
Detalhe: na lista, em ordem alfabética, dos selecionados,procurar dentre os que começam com as letras "www".



Estou em plena fase de recuperação. Só estou apanhando no uso do lap top. Daí, provisoriamente, não poder responder as mensagens dos queridos amigos.

18 dezembro 2006

SENTA AÍ, TALITA ! ( A lição da mosca)

Já não me lembro mais, se foi aqui neste livrinho-eletrônico ou em algum outro canto onde publico meus rabiscos, que confessei ser adepto da literatura de auto-ajuda. Se não o fiz ainda, sinto surgir agora a oportunidade de fazê-lo.
Em outubro deste ano, o amigo esperantista, Dr.Paulo Sérgio Viana, pronunciou uma palestra , por ocasião do 13º Encontro do Grande Rio, emNiterói, intitulada "Psiko-Memhelpa Literaturo: Utila? Senutila?Malutila?"( = Literatura de Auto-Ajuda : Útil? Inútil ? Nociva?).Lamento,não poder traduzi-la para aqueles que ainda não falam a língua neutra internacional.No entanto, sugiro aos samideanos que não deixem de lê-la no saite da Cooperativa Cultural dos Esperantistas(www.kke.org.br/esperanto/prelegoj/psiko_memhelpa_literaturo.php).
Em determinado trecho, Dr. Paulo Sérgio afirma que os livros do gênero " auto-ajuda" são vendidos aos milhões, não obstante as discussões teóricas e a má-vontade de intelectuais que os criticam. Depois de citar alguns exemplos desse tipo de literatura que tanto sucesso faz, indaga se toda essa grande massa de leitores que a aprecia é enganada, explorada e estupidamente perde o seu tempo. Em seguida, utilizando-se de primorosa argumentação, conduz os seus ouvintes à conclusão: Toda obra literária é de algum modo um veículo de auto-ajuda; ela sempre foi assim, uma vez que, essencialmente, tem por objetivo auxiliar os leitores a viver melhor. Fazendo menção à Bíblia, ao Alcoorão aos Upanishades, bem como a livros religiosos de outras seitas, chama nossa atenção para o fato de que, em última análise, todos consistem em um conjunto de regras para vivermos felizes, segundo as leis de Deus. Por fim, pergunta:" Por acaso esses livros não fazem parte da literatura de auto-ajuda?".Antes de citar outras obras e textos ilustrativos deixados por Sêneca, Marco Aurélio, Cervantes e Shakespeare, o palestrante afirma que muito antes da moda atual de literatura de auto- ajuda, homens sábios se empenharam em criar textos para auxiliar psiquicamente seus semelhantes. Alguns tornaram-se clássicos e- curiosamente?- esses não são , absolutamente, desaprovados pelos " intelectuais" que presunçosamente criticam os modernos autores.
Segundo , Dr.Paulo Sérgio, todo tipo de literatura visa um auxílio psíquico, se o próprio leitor assim o desejar; o que de fato existe é a boa ou má literatura e os bons ou maus leitores. Finalmente, afirma que, assim como toda espécie de psicoterapia, a literatura pode ser inútil , nociva ou útil:

Inútil, se apresentar apenas banalidades e vulgaridades, sem valor estético e se a lemos superficialmente, sem uma prudente análise, sem o interesse na aquisição de novas idéias, sem espírito crítico e sem uma aplicação prática na vida real.

Nociva, se apresenta idéias e sentimentos antiéticos,esteticamente desagradáveis , e se o leitor, desprovido de capacidade crítica deixa-se influir na vida real por esses textos perturbadores, antihumanos, que infelizmente estimulam, por exemplo, o racismo, outras discriminações e a violência.

Útil, se apresenta, através de uma vestimenta artística, idéias originais e instigantes, com um conteúdo humano, e por sua vez o leitor a absorve com interesse analitico e crítico.


******************
Recentemente, visitei o saite do Dr.Roberto Shinyashiki (http://www.shinyashiki.com.br/roberto/) , médico psiquiatra com pós-graduação em Gestão de Negócios (MBA - USP), profundo conhecedor da alma humana, autor de inúmeras obras consideradas de auto-ajuda. "Sua capacidade de entender a realidade e as necessidades dos indivíduos o faz uma referência em temas como felicidade e sucesso" .Consta do referido saite o seguinte comentário a respeito do livro "Os Donos do Futuro ", de onde foi extraída "A lição da mosca", texto que anda circulando pela internet :
"Shinyashiki diz que os donos do futuro são os que sabem cooperar, sabem se relacionar e sabem mudar, qualidades fundamentais se a meta é a conquista da satisfação pessoal e profissional. Um dos trechos do livro, e que de certa forma resume todas as idéias contidas nele, diz que "os donos do futuro são pessoas capazes de viver e trabalhar em equipe tanto no emprego como em casa. Abriram mão do individualismo para viver nova experiência, muito mais rica: ajudar o outro, aceitar ajuda e crescer em conjunto. Aprenderam a substituir eu por nós".
A meu ver,esse livro enquadra-se , perfeitamente na classificação "Literatura Útil", definida pelo palestrante Paulo Sérgio Viana.Para concluir, vejamos em que consiste a tal lição da mosca:

A lição da mosca
Certa vez, duas moscas caíram num copo de leite...
A primeira era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do
copo. Como a superfície era muito lisa e suas asas estavam molhadas, não
conseguiu escapar. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou,
parou de se debater e afundou.
Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz e,
por isso, continuou a se debater e a lutar. Aos poucos com tanta agitação, o
leite ao seu redor formou um pequeno nódulo de manteiga no qual ela subiu.
Dali, conseguiu levantar vôo e sair do copo.
Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido, novamente caiu num copo, desta
vez cheio de água. Como pensou que já conhecia a solução daquele problema,
começou a se debater na esperança de que, no devido tempo, se salvasse.
Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie,
pousou na beira do copo e gritou:
"Tem um canudo ali, nade até lá e suba".
A mosca tenaz respondeu:
"Pode deixar que eu sei como resolver este problema."
E continuou a se debater mais e mais até que, exausta, afundou na água.

SOLUÇÕES DO PASSADO, EM CONTEXTOS DIFERENTES, PODEM TRANSFORMAR-SE EM
PROBLEMAS. SE A SITUAÇÃO SE MODIFICOU, DÊ UM JEITO DE MUDAR.
Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de observar
as mudanças ao redor e ficamos lutando inutilmente até afundar em nossa própria falta de visão!
Criamos uma confiança equivocada e perdemos a oportunidade de repensar
nossas experiências. Ficamos presos a velhos hábitos que nos levaram ao
sucesso e perdemos a oportunidade de evoluir.
É por isso que os japoneses dizem que na garupa do sucesso vem sempre o
fracasso. Os dois estão tão próximos que a arrogância pelo sucesso pode
levar à displicência que conduz ao fracasso.
Os donos do futuro sabem reconhecer essas transformações e fazer as mudanças
necessárias para acompanhar a nova situação. (De: Os Donos do Futuro -
Roberto Shinyashiki)
Se a única ferramenta que você conhece é o martelo, todo problema que
aparece você pensa que é prego.

22 novembro 2006

SENTA AÍ, TALITA!( Aê, leque: Tu não és burro, não!)

A notícia me chegou através da Natalia, que por sua vez a recebeu da Talita: " -Vô , você não vai acreditar!". Sem dar tempo para minha indagação, foi logo dizendo: -O Guilherme deu aula de Química para o primo Dudinha. Ainda vibrando com a façanha do irmão, tido e havido como um cabra que não é lá muito chegado aos estudos, acrescentou : - Imagina qual o comentário do agradecido discípulo do Gui, que também é tido e havido como um grande amigo do livro, pois está sempre demonstrando sua fidelidade ao companheiro inseparável(- Tô contigo, e não abro!) ..."-Aê, leque: Tu não és burro, não!"
Juro que cheguei a ficar com inveja do Prof. Gui, pois durante as minhas tentativas de passar algumas informações da área da matemática para salvar o neto Dudinha das incômodas "recuperações de fim-de-ano" jamais havia recebido um elogio daquele jaez:-Vô, tu não és burro , não! É bem verdade, que nesta altura da vida já não sinta mais necessidade desse tipo de estímulo. Mas, na minha fase de moleque, quando não revelava pendores para qualquer tipo de estudo , e tinha minhas dúvidas quanto à capacidade de acompanhar o ritmo dos bem-dotados colegas do Colégio Militar do Rio de Janeiro, qualquer comentário favorável ao meu comportamento como estudante era capaz de mexer com os meus brios e provocar mudanças indeléveis. Ouvir, casualmente, um elogio feito por uma mãe carinhosa, em conversa com outros adultos deixa marcas profundas. Um simples comentário de um professor de Geografia e outro de um professor de Inglês mexeram com a minha auto-estima. Certa vez surpreendi minha mãe comentando com uma amiga: - Esse garoto tem tiradas incríveis; fala pouco, mas às vezes nos surpreende com intervenções interessantes. O assunto estava relacionado a um termo muito empregado lá em casa, casa de médico que freqüentemente indagava do funcionamento dos intestinos da prole que ficava sob os cuidados da D.Noemï: - Como está a evacuação do menino? Respondia ela: "- Melhorou, mas ainda se apresenta sob a forma de cíbalos." Diante do olhar atento do menino, a mãe perguntou: - Você sabe o que são cíbalos, meu filho? Sei sim, respondeu o guri: - Cíbalos , são silabas das fezes. Imaginem a surpresa da orgulhosa mãe com a resposta do caçula. E vocês, seriam capazes de imaginar o que os elogios pela resposta poderiam provocar na cabeça de alguém , até então cheio de dúvidas quanto à própria inteligência?
Outra passagem interessante, que gerou grandes mudanças no meu comportamento de estudante desligado, que vivia no mundo da lua, aéreo ao que se passava nas salas de aula, ocorreu quando ainda estava no 3º ano ginasial ( atualmente, 7ª série do ensino fundamental). Havia no CMRJ um professor de Geografia, extremamente rigoroso,que irritado com o modo irreverente como alguns colegas apresentavam ponderações sobre eventuais equívocos na correção das provas a que eram submetidos, resolvia reexaminá-las com redobrado rigor, o que invariavelmente provocava redução da nota obtida. Eis que, numa dessas ocasiões, um dos seus alunos mais fracos, dirigiu-se a ele da forma que lhe pareceu a mais respeitável, solicitando ajuda no sentido de apontar o motivo de determinada correção, uma vez que não tencionava cometer o mesmo engano em situações futuras. Resultado: ao invés de uma redução da nota anterior, o que se ouviu foi um inesquecível elogio público pela forma diplomática utilizada pelo aluno para a obtenção do seu intento. Nota aumentada. Atenção redobrada nas aulas subseqüentes, para não decepcionar o mestre com os vôos rasantes e viagens espaciais que costumava realizar durante as aulas.
Grandes mudanças ocorreram a partir do estímulo recebido. Fica uma lembrança: " O verdadeiro malandro é aquele que deixa de ser malandro só de malandragem!",
Bem , o que gostaria de deixar aqui registrada não é apenas a satisfação de ver os progressos alcançados pelos netos, mas particularmente a amizade, a solidariedade, a camaradagem, a gratidão que une irmãos e primos. Essa turminha não me surpreende mais; sei que todos possuem o ferramental necessário para se tornarem muito bem sucedidos na vida. Até hoje, os argumentos usados para convencer aos outros da necessidade do estudo têm sido predominantemente relacionados ao êxito pessoal, às conquistas por um bom emprego.Torço para que no futuro o foco seja outro: " estude para poder se tornar mais útil à humanidade."
Mestres Guilherme e Dudinha, obrigado pelas lições que vocês nos têm dado!
Aê, leques, vocês não são burros, não!
Vô Fernando
Recado para o Gui: Já transmiti para o Dudinha, em primeira mão, a notícia da sua recente aprovação no vestibular do IBMEC-RJ. Valeu, leque!

13 novembro 2006

SENTA AÍ, TALITA ! ( A última viagem de táxi)

Oi, Galera!
Faz tempo que não atualizo este nosso blog. Para não protelar ainda mais essa agradável tarefa, aqui vai uma belíssima mensagem, de autoria de um ex-taxista de Belo Horizonte-MG. Trata-se de uma emocionante lição.
Antes porém, gostaria que vocês soubessem o que escrevi para o autor da citada mensagem:

Meu CARO Sr. RICO,Uau! (melhor dizendo: " au! au! au!"), seu sítio http://www.rico.com.br é um BARATO!Acabei de receber de um amigo, esperantista de Goiânia,Goiás-GO o arquivo pps "A última viagem de taxi", o que me levou a buscar maiores informações sobre o seu maravilhoso trabalho.Li, com particular interesse , todas as mensagens que o Sr recebeu fazendo alusões extremamente favoráveis e merecidas ao texto " A última viagem de taxi". Descobri, por exemplo, que o pps em questão já foi vertido para o hungaro e que tem circulado por várias outras partes do mundo. Que agradável surpresa!Resumindo: Gostaria de receber sua autorização para vertê-lo para o esperanto e divulgá-lo através do Projeto Sementeira Esperanto (http://www.npoint.com.br/sementeira) , acrescentando aos créditos já existentes , a informação de que foi por mim traduzido ,do original, em português, para a língua neutra internacional . Caso aprove minha proposta, comprometo-me a acrescentar outras informações que o meu mais novo amigo venha a julgar convenientes, como por exemplo: "versões para outras línguas serão sempre bem-vindas".Antecipadamente, agradece a atençãoFernando José Galvão Marinho

A Última Viagem de Táxi!
Houve um tempo em que eu ganhava a vida como motorista de táxi. Os passageiros embarcavam totalmente anônimos. E, às vezes, me contavam episódios de suas vidas, suas alegrias e suas tristezas...Encontrei pessoas que me surpreenderam. Mas, NENHUMA como aquela da noite de 25 para 26 de julho do último ano em que trabalhei na praça!Havia recebido já tarde da noite uma chamada vinda de um pequeno prédio de tijolinhos, em uma rua tranqüila do subúrbio de Belo Horizonte, capital das Minas Gerais.Quando cheguei ouvia cachorros latindo longe. O prédio estava escuro, com exceção de uma única lâmpada acesa numa janela do térreo.Nestas circunstâncias, outros teriam buzinado duas ou três vezes, esperariam só um pouco e, então, iriam embora.Mas, eu sabia que muitas pessoas dependiam de táxis como único meio de transporte a tal hora. A não ser, portanto, que a situação fosse claramente perigosa, eu sempre esperava..."Este passageiro pode ser alguém que necessita de ajuda", pensei. Assim, fui até a porta e bati. "Um minutinho", respondeu uma voz débil e idosa.Ouvi alguma coisa ser arrastada pelo chão... Depois de uma pausa longa, a porta abriu-se. Vi-me então diante de uma senhora bem idosa, pequenina e de frágil aparência!Usava um vestido estampado e um chapéu bizarro daqueles usados pelas senhoras idosas nos filmes da década de 40! E se equilibrava numa bengala, enquanto segurava com dificuldade uma pequena mala...Dava para ver que a mobília estava toda coberta com lençóis. Não haviam relógios, roupas ou adornos sobre os móveis. Num canto jazia uma caixa aberta com fotografias e vidros...A velha senhora, esboçando então um tímido sorriso de quem havia já perdido todos os dentes, pediu-me: “O senhor poderia me ajudar com a mala?”Eu peguei a mala e ajudei-a caminhar lentamente até o carro. E enquanto se acomodava ela ficou me agradecendo...- "Não é nada, apenas procuro tratar meus passageiros do jeito que gostaria que tratassem minha velha mãe”... - "Oh!, você é um bom rapaz!"Quando embarcamos, deu-me um endereço e pediu: - "O senhor poderia ir pelo centro da cidade?" - "Este não é o trajeto mais curto", alertei-a prontamente.- "Eu não me importo... Não estou com pressa... Meu destino é o último! O asilo dos velhos"...Surpreso, eu olhei pelo retrovisor. Os olhos da velhinha brilhavam marejados... - "Eu não tenho mais família e o médico me disse que tenho muito pouco tempo"...Disfarçadamente desliguei o taxímetro e perguntei: -"Qual o caminho que a senhora deseja que eu tome?"Nas horas seguintes nós dirigimos por toda a cidade. Ela mostrou-me o edifício na Praça 7 em que havia, em certa ocasião, trabalhado como ascensorista...Nós passamos pelas cercanias em que ela e o esposo tinham vivido como recém-casados. E também pela Igrejinha de São Francisco, na Pampulha, onde comemoraram Bodas de Ouro!Ela pediu-me que passasse em frente a uma loja de móveis na região da Praça da Liberdade, que havia sido um grande salão de dança que ela freqüentara quando mocinha!De vez em quando, pedia-me para dirigir vagarosamente em frente a um edifício ou esquina. Era quando ficava então com os olhos fixos na escuridão, sem dizer nada... E olhava. Olhava e suspirava...E assim rodamos a noite inteira... Quando o primeiro raio de sol surgiu no horizonte, ela disse de repente:"Estou cansada... E pronta! Vamos agora!"Seguimos, então, em silêncio, para o endereço que ela havia me dado. Chegamos a um prédio rodeado de árvores, uma pequena casa de repouso.Dois atendentes caminharam até o taxi, assim que paramos. Eram amáveis e atentos e logo se acercaram da velha senhora, a quem pareciam esperar.Eu abri o porta-malas do carro e levei a pequena valise até a porta. A senhora, já sentada em uma cadeira de rodas, perguntou-me então pelo custo da corrida.- "Quanto lhe devo?", ela perguntou, pegando a bolsa.- "Nada!", eu disse.- "Você tem que ganhar a vida, meu jovem”- "Há outros passageiros", respondi.Quase sem pensar, curvei-me e dei-lhe um abraço. Ela me envolveu comovidamente e devolveu-me com um beijo afetuoso e repleto da mais pura e genuína gratidão! E disse:- "Você deu a esta velhinha bons momentos de alegria, como não tinha há tanto tempo... Só Deus é quem sabe o quanto você fez por mim! Obrigada, MEU AMIGO! Mil vezes obrigada!!!”Apertei sua mão pela última vez e caminhei no lusco-fusco da alvorada sem olhar para trás, pois as lágrimas corriam-me abundantes pela face...Atrás de mim uma porta foi fechada. Era o som do término de uma vida... Naquele dia não peguei mais passageiros. Dirigi sem rumo, perdido nos meus pensamentos. Mal podia falar.Dois dias depois, tomei coragem e voltei no asilo para ver como estava a minha mais nova amiga. Me disseram, então, que na noite anterior adormecera para sempre, em paz e feliz...E fiquei a pensar, se a velhinha tivesse pego um motorista mal-educado e raivoso... Ou, então, algum que estivesse ansioso para terminar seu turno...Óh, Deus! E se eu houvesse recusado a corrida? Ou tivesse buzinado uma vez e ido embora?... Ao relembrar, creio que eu jamais tenha feito algo mais importante na minha vida até então!Em geral nos condicionamos a pensar que nossas vidas giram em torno de grandes momentos. Todavia, os GRANDES MOMENTOS freqüentemente nos pegam desprevenidos e ficam guardados em recantos que quase todo mundo considera sem importância... quando nos damos conta... já passou.AS PESSOAS PODEM NÃO LEMBRAR EXATAMENTE O QUE VOCÊ FEZ, OU O QUE VOCÊ DISSE.MAS, ELAS SEMPRE LEMBRARÃO COMO VOCÊ AS FEZ SENTIR-SE.PORTANTO, VOCÊ PODE FAZER A DIFERENÇA!PENSE NISTO!!!OS IDOSOS DE HOJE, SOMOS NÓS AMANHÃ!
Fonte: Don Rico

21 agosto 2006

SENTA AÍ,TALITA! Conhecendo melhor galhos e frutos de uma árvore genealógica.

Trecho extraído de carta enviada em 2.8.2006 pela minha irmã e madrinha, coruja de primeira grandeza, Maria Tereza ( residente em Cruzeiro-SP),cumprindo com louvor a tarefa que eu havia solicitado, no sentido de contribuir com informações e " causos" para o enriquecimento do nosso livrinho-eletrônico.

A propósito de contribuições, não perdi as esperanças de ser surpreendido,a qualquer momento,com a chegada de algo que nos possibilite recordar como eram deliciosas as reuniões realizadas na casa da nossa mãe para a leitura das
famosas Cartas de Papai Noel. Saber como vem sendo mantida essa tradição de nossa família é um ponto que merece ser aqui divulgado. Mas,....vamos ao que interessa
:


"................................................
(Ano 1925-Niterói)
Talita, quero lhe apresentar membros da família Galvão ( ramo materno de seu avô) que são também seus parentes de 2º e 3º graus : sua tataravó Clara e as duas filhas Noemï (sua bisavó) e Bebê (sua tia de 3ºgrau). Noemï ( minha mãe) morava no Rio ( na época, Niterói era a capital do nosso Rio) e tia Bebê, em Bagé-RS. Vó Clara passava 6 meses do ano, quando o clima era quente, no sul e os 6 meses frios, no Rio( Niterói). Nessa época, sua bisavó Noemï tinha 5 filhos :Talita, José,Paulo, Tito e Maria Tereza.

(Enquanto não recebo resposta da consulta que fiz ao Suporte do Blogger, a respeito da colocação de imagens neste trecho, sugiro que cliquem no seguinte endereço http://www.npoint.com.br/sementeira/sandyfamilia3.jpg para ver a foto do casal Justiniano/Noemï rodeado dos filhos acima citados)

Acontece que o marido da tia Bebê- meu tio Luiz Teixeira Mércio- adoeceu com problema renal e precisava de cirurgia ,relativamente,urgente. Como só aceitava ser operado pelo meu pai, no Rio, viajou com a tropa toda e deixou os 4 filhos - Fernando, Helô, Amélia e Roberto - em nossa casa, aos cuidados da mamãe, enquanto tia Bebê acompanhava o marido no hospital, sendo que a internação durou 4 meses ( esse detalhe fiquei sabendo mais tarde, porque na época eu tinha apenas 3 aninhos). Nessa altura do campeonato a casa da sua bivó Noemï virou uma creche, com 9 crianças de 2 a 14 anos: Fernando 14,Talita 13, José 10, Paulo 9, Helô 8, Amélia 7, Tito 6, Maria Tereza 3 e Roberto 2. É mole? Para a sua bivó Noemï não devia ser nada mole, mas para a meninada a chegada dos primos gaúchos, que até então não se conheciam, foi o " máximo". E a turma se entrosou numa boa. Nossa casa tinha um quintal enorme que proporcionava aos primos vários tipos de brincadeiras. Uma das preferidas era o banho de chuva ( daquelas chuvas de verão, fortes e mais ou menos passageiras). Quando o céu começava a escurecer, os mais velhos já mandavam a turma vestir as "roupas de banho", como eram chamados os atuais maiôs e sungas. E a farra começava já aos primeiros pingos de chuva. E era aquele " auê"! Esse programa inocente mas delicioso se repetia em todos os dias chuvosos... até o dia que Helô, a de 8 anos, caiu e bateu com a cabeça numa pedra. Foi um grande susto para todos e papai proibiu os banhos na chuva. José, então, inventou um circo. Ele sempre gostou de se exibir sapateando, tentando acrobacias, etc, e eu, nos meus três aninhos, ficava encantada com as proezas desse irmão. Foi então que ele inventou as tais
pernas de pau e me ensinou a andar ( cá pra nós, eu era uma macaca do meu irmão). E não é que desfilava numa boa ( monitorada por ele, é claro!) toda crente que estava agradando. Esse " número" fazia parte da " programação do circo. E essa "creche da tia Noemï" funcionou até a saída do tio Luiz do hospital , já recuperado da saúde e pronto para retornar ao sul. Mas... a família Galvão Mércio acabou ficando mais um tempinho para passar o Natal conosco. Os nossos primos vibraram com essa decisão que foi comemorada no melhor estilo dos bagunceiros. Oitenta e um anos são passados e, por incrível que pareça, lembro-me com saudades dessa fase gostosa da minha vida , como se fosse ontem.
( Mesmo depois de adulto, como podemos comprovar pela foto http://www.npoint.com.br/sementeira/joseanao.jpg , José não perdeu o entusiasmo por apresentações circenses, ora fazendo mágicas, ora sapateando, ora ensinando aos irmãos mais novos e sobrinhos como dar saltos mortais.Aqui ele distrai a garotada, durante uma reunião familiar, fazendo dupla com o irmão Paulo. Trata-se da imitação de um bem-humorado anãozinho).


Vó Clara era enérgica, mas pródiga em agradar os netos, com presentes e passeios. Do jeito que agradava, também repreendia sem cerimônias ( afinal, os pais estavam presentes...). Os netos prediletos dessa avó eram José e Helô e nesse período da bagunça, foram os únicos que mereceram um " pito" da vovó. Imagine, Talita, a precocidade dos seus primos José e Helô ( 10 e 8 anos): resolveram namorar ! Um belo dia vó Clara, através do vidro de uma porta que separava as salas lá de casa, pegou um flagrante dos dois beijando-se na boca (!!!). É mole? vovó ficou escandalizada e colérica. Passou um " pitão" nos dois inocentes namorados ( tadinhos!) e os colocou de castigo por um tempinho. Imagine se ela visse hoje os " ficantes"...
Entre os feitos de prodigalidade da vó Clara houve um que me marcou muito
nos meus três aninhos: o Natal do ano 1925. Era hábito dos meus pais ( seus bisavós) reunirem a família toda, inclusive empregada e agregada ,como a minha Fofó, que morava em nossa casa ( seu vô-certinho lhe explicará quem foi essa saudosa Fofó), para a "Missa do Galo"(25 de dezembro) e, nesse Natal, então com a presença dos Mércios, a família dobrou e quase lotou a igreja (exagero da sua ti-vó). E lá fomos todos para a igreja, não sem antes, todos, crianças e adultos, colocarem seu sapatinho na janela, na expectativa da vinda ou não do Papai Noel. e isso foi feito sob a orientação de vovó e já era hábito de nossa família enquanto havia crianças crédulas em Papai Noel.. Claro que a turma-mirim participou " a muque" da Missa do Galo, permanecendo com o sentido na janela da casa, onde estavam os sapatos. Ao voltarem e entrarem na sala , que susto! Numa das poltronas, refestelado, estava o Papai Noel ( muito bem caracterizado e com sotaque português) e ao seu lado, uma grande cesta lotada de presentes.
Roberto ficou com medo do bom velhinho e não atendeu ao seu chamado, enquanto a espevitada Terezinha, sem a menor cerimônia, aceitou o convite recusado pelo primo e se instalou no joelho de Papai Noel. Foi um Natal e tanto! Presentes de montão etc, etc etc. Guardei aquela imagem por anos e anos e só descobri a identidade do pseudo-velhinho, quando já com 10 anos, em conversa com a minha Fofó e lembrando os Natais antigos, ela me perguntou: " Você lembra daquele Natal com o Sr. Adelino? Ele estava perfeito, né?". Meu mundo caiu! Esse Sr. Adelino era o marido de uma lavadeira jovem e bonita. Ambos moravam em um quartinho em nosso quintal. Passado o Natal, a garotada voltou para Bagé, onde tio Luiz era fazendeiro. Foi na fazenda dele que seus tios ( meus irmãos ) José e Paulo nasceram. Dez anos depois (1935) o casal Bebê/Luiz voltou para o Rio, em definitivo, com a prole aumentada de uma 5ª filha: Noemï ( vulgo Mizinha). Por falar em 5ª filha, lembrei-me de vó Clara. Explico porque: meus pais casaram-se no sul (Pelotas-RS), passaram uma temporada no Rio até o nascimento da Talita ( 1912) e voltaram para o sul (Cruz Alta-RS) onde papai "fez nome", como mamãe contava, com uma bela clientela; acho que os dois se entusiasmaram com a produção de clientes e fizeram o mesmo com relação à prole. Mamãe caprichou mais 4 filhos nos anos seguintes. Conclusão: foram 5 filhos em 5 anos, é mole? Talitha -1912, Helena-1913, Elizabeth-14,José Geraldo- 15 e Paulo-16. Que fartura, né?Vó Clara contava que quando alguém perguntava " como vai a Noemï?", a resposta era sempre a mesma: " vai bem, no seu estado normal...". Acreditava que por acharem que o clima frio dos pampas estava influindo na fertilidade...( do casal, né?) resolveram voltar para o Rio. Nada disso. Papai deve ter sido transferido para se engajar no exército, como médico-militar. Coincidência ou não... houve uma trégua e o 6º só aconteceu em 1919, trazendo o meu saudoso irmão Tito Luiz. Aí, os espaços se normalizaram: 1922-eu,27-Maria Clara (Clarita), falecida prematuramente com apenas meses de vida, 32- Myriam e para fechar com chave-de-ouro a dezena do fertilíssimo casal, chegou o meu 9º irmão, o avô-certinho dessa galera bonita " Torres + Marinho". E...viva nós ,com essa " raça puro- sangue", como diz a Natalia.........
..............
..."

16 julho 2006

SENTA AÍ,TALITA!(Lições de quem sabe o que faz)

LIÇÕES DE QUEM SABE O QUE FAZ

Uma simples troca de correspondência iniciada no Orkut foi o suficiente para que surgisse neste despretensioso livrinho uma “ aula magna”. É claro que não serei eu o expositor da matéria. Pretendia apenas repassar para os leitores desta Galera do Marulo algumas informações colhidas do sítio www.aikidoharmonia.com.br , enaltecendo o trabalho do querido sobrinho José Roberto. Não seria justo que só eu e uma meia-dúzia de parentes ficasse sentindo orgulho do Bueno sensei. Também não seria justo que eu protelasse a publicação de mais um capitulo do “Senta aí, Talita!” até sentir-me em condições de ordenar idéias e de redigir algo , ainda que resumidamente, que mostrasse de forma objetiva do que é capaz um idealista-realizador, membro da família Marinho.
Para ganharmos tempo, aqui vai a aula-magna, sob a forma de mensagem recém-rebida:

Querido tio
Novidades frescas daqui:
Ontem teve início o maior evento Nipo-Brasileiro do país: o 9º Festival do Japão.
Serão dois finais de semana com tudo que possa imaginar sobre o país das cerejeiras. Go, sumi-e, Toyota, Gatebol, pipas, karaokê, muito yakisoba, cerimônia do chá, shodo, e obviamente artes marciais. Pelo segundo ano, me convidaram para representar o Aikido e lá fui eu com as crianças da ONG e voluntários faixas pretas para mostrar muito mais que defesa pessoal, chutes e socos, tombos e gritos. Aos poucos o público veio chegando mais perto, atraídos pela mensagem humanista do Aikido e pela beleza dos movimentos. Mestre Ueshiba falava que o verdadeiro propósito do Aikido é nos lembrar que pertencemos a uma única família .. sabia disso? Nada mais familiar, não?
Novidades de julho:
No próximo sábado volto ao Festival para contar no auditório a experiência da Ação Harmonia. Será um contexto um pouco diferente e vamos “encenar” o percurso do caos à harmonia vivido nos últimos 4 anos desde que começamos o projeto com as crianças na periferia.
Na outra semana é a vez de mostrar o projeto no Congresso Brasileiro de Terapia Familiar. E isso tem a mão da Lilian que é do comitê organizador do evento. Ela partilhou os resultados da ONG e vamos falar do impacto sistêmico que o Aikido tem causado no ambiente de violência onde estas crianças moram. A propósito, ela defendeu sua tese de mestrado há algumas semanas e fomos todos prestigiar na PUC.
No final do mês recebo em casa o primeiro voluntário internacional que passará 6 meses no Brasil para apoiar a ONG. Ele é um jovem de 28 anos que conheci em Chipre, num encontro de Aikido entre israelenses e palestinos. Ele será peça decisiva para o que vem por aí no segundo semestre: uma parceria com a Prefeitura de São Paulo que estenderá o Aikido para cerca de 300 crianças da rede municipal. Será o desafio do ano e já está formada uma rede de faixas-pretas voluntários para tocar esta parada forte.
Para terminar, está em estagio avançado a publicação de um novo livro de Aikido que apresentei para a editora Cultrix/Amana-key: Aikido em Três Lições Simples. Um livro simples, sutil e ao mesmo tempo profundo, que prefacio e ilustro a capa com um sumi-e.
Este foi o boletim de julho do teu sobrinho, para começar a por o assunto em dia enquanto esperamos o almoço na Barra ou no Butantã.
Seguem em anexo uma foto recente de um encontro de amigos aikidokas no Aikido Harmonia.
Beijos na família e até breve!
Zé Roberto

-----Mensagem
original----- sábado, 15 de julho de 2006
Meu caríssimo José Roberto:
Prosseguindo o papo iniciado no Orkut, devo dizer que a saúde vai melhorando cada vez mais. Fiquei muito contente ao saber que o " meu garooooto", Fernando, lhe escreveu. Ele está muito feliz com a expectativa de ficar mais próximo da tchurma do Rio e da galera de SP. Havendo chance, nenhum de nós irá deixar passar a oportunidade de um agradável almoço, seja ele na Barra ou no Butantã.
Rapaz... fiquei encantado com as novidades relacionadas ao seu trabalho(
www.aikidoharmonia.com.br)! Puxa vida! Já tenho matéria de primeira qualidade para incluir no livrinho "Senta ,Talita" (www.galeradomarulo.blogspot.com). Os primos e tios mais distantes precisam saber quem é esse Bueno sensei, querido de tantos! Agora, é só questão de tempo e de disposição para começar a " escrevinhar" sobre as suas façanhas. Me aguarde!
Beijocas na galera!
Tio Fernando

Ps: Oomoto tuvo una gran influencia en
Morihei Ueshiba, fundador del Aikido. Como detalle curioso, cabe señalar que Oomoto decidió emplear el esperanto para que su mensaje llegase a más gente. (http://encyclopedie-es.snyke.com/articles/oomoto.html)



14 julho 2006

SENTA AÍ,TALITA!(O centésimo macaco)

CENTÉSIMO MACACO
(Artigo publicado no Diário de Petrópolis, em 27.11.1999)
*Fernando J G Marinho

Tendo encontrado, em quatro ou cinco obras de autores diferentes, alusões ao interessantíssimo fenômeno conhecido como "Centésimo Macaco", passei a percorrer livrarias em busca de maiores informações sobre o assunto.
Em julho de 1993, por ocasião do 29° Congresso Brasileiro de Esperanto,em São Paulo-SP, finalmente localizei junto à uma centena de outros títulos editados no idioma internacional o livro "La Centa Simio", que foi publicado na Holanda pelo "Internacia Esperanto-Instituto". Amparado pelas palavras do próprio autor - que dispensou as reservas de direitos autorais e solicitou a reprodução total ou parcial de sua obra, para ser divulgada no maior número possível de línguas à maior quantidade possível de pessoas - senti-me extremamente motivado a vertê-lo do esperanto para o português e a fazer com que a Cooperativa Cultural dos Esperantistas( RJ) o publicasse.
São palavras do autor, Ken Keyes , Jr.:
"Este livro não trata de futilidades. Ele indica como agir, com relação à nossa vida e ao nosso mundo. Ele nos diz como permanecermos vivos. Ele aborda a enormidade dos perigos nucleares. Mas, nos revela a surpreendente possibilidade de mudarmos a seqüência dos fatos. "
Parece-me que a maioria das pessoas necessita de um "empurrãozinho extra" para realizar qualquer coisa fora da rotina. Ken Keyes nos conta como ocorreram os empurrõezinhos que o levaram a escrever o Centésimo Macaco.
Certamente, temos recebido no decorrer de nossas vidas vários empurrõezinhos. Muitas vezes chegamos a pensar em iniciar um empreendimento, uma viagem, um curso, uma carta, uma dieta, um tipo de abstinência, um plano, mas não levamos a idéia adiante. É provável que estejamos dependendo apenas daquele estímulo fundamental, "o centésimo", o que irá transformar nosso estado de espírito e desencadear as ações desejáveis. Pense nisso. Agora, conheça a história do Centésimo Macaco :
"Durante mais de trinta anos, um tipo de macaco japonês (Latim: Macaca fuscata) foi analisado em estado selvagem. Em 1952, pesquisadores deram batatas-doces aos macacos da ilha Koshima. As batatas caíram na areia. Os símios gostaram do sabor das batatas cruas, mas acharam desagradável o da areia. Uma fêmea de dezoito meses, chamada Imo, descobriu que poderia resolver o problema lavando as batatas num riacho próximo. Ela ensinou sua esperteza à própria mãe. As amigas também aprenderam esta nova maneira de proceder e a transmitiram para as respectivas mães. Diante dos olhares dos pesquisadores, esta novidade cultural foi sendo, gradativamente, aprendida por vários macacos. Entre 1952 e 1958 todos os jovens macacos aprenderam a lavar batatas sujas de areia, para torná-las mais saborosas. Somente os adultos que imitaram seus filhotes, aprenderam esse tipo de evolução social. Outros adultos permaneceram comendo batatas sujas.
Eis que acontece algo sensacional: No outono de 1958 um certo número de macacos da ilha Koshima ( o número exato é desconhecido) lavava batatas. Suponhamos que ao alvorecer daquele dia, havia na ilha 99 macacos que já tinham aprendido a lavar batatas. Suponhamos ainda, que em seguida, naquele mesmo dia, um centésimo macaco aprendeu a lavar batatas. Nesse instante algo importante aconteceu! Naquela tarde, quase todos os membros do grupo haviam lavado as batatas antes de comê-las. A energia acrescentada pela adesão do centésimo macaco, de alguma forma, provocou uma eclosão ideológica! Mas, vejam bem! O que mais surpreendeu os pesquisadores foi o fato de o hábito de lavar batatas haver, espontaneamente, cruzado os mares. Colônias de macacos de outras ilhas e do monte Takasaki, da ilha Kiusho, começaram a lavar suas batatas( "Lifetide", de Lyall Watson, p.147-148, Bantan Books,1980. Este livro fornece outros fascinantes detalhes). Conclui-se que, quando uma quantidade de indivíduos que adquiriram determinado conhecimento atinge certo número crítico, esse novo saber pode ser transmitido de uma mente para outra. Embora o número exato possa variar, o fenômeno do centésimo macaco significa que, quando apenas um número limitado de pessoas sabe de um caminho, este pode permanecer como propriedade da consciência dessas pessoas. Mas existe um ponto a partir do qual basta que apenas mais uma pessoa sintonize com essa nova consciência, para que seja fortalecido um campo capaz de expandir essa consciência atingindo quase todas as pessoas."

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Rio, 14.07.2006

Grande Mariana!
Li o seu comentário a respeito do " Acredite, se puder", e a sugestão de incluir o texto acima no livrinho da prima Talita. Aproveito a oportunidade para dizer que o fenômeno do centésimo macaco não é aceito por muitos pesquisadores como uma verdade absoluta. Divergência de opiniões e de crenças não é coisa rara, mesmo entre cientistas de renome. Ainda que venha a ser comprovado que parte das experiências narradas em " Lifetide" seja fruto da imaginação do seu autor, Lyall Whatson , não poderemos negar os positivos resultados advindos da aceitação do fenômeno em questão como verdadeiro. O próprio Ken Keynes nos revela como ocorreram os " empurroezinhos" que o levaram a escrever " O centésimo macaco", onde ele aborda a enormidade dos perigos nucleares , outro assunto extremamente polêmico. Prosseguindo nas minhas reflexões, lembrei-me das famosas fábulas de Esopo. As fábulas e as metáforas de um modo geral podem ser meras criações de seus autores( ficção pura) , mas o que fica e muitas vezes produz resultados reais surpreendentes, são os conceitos assimilados como " moral da história".

Para saber mais sobre O CENTÉSIMO MACACO, veja as dicas fornecidas pelo amigo Jozefo Pacheco , proprietário da lista http://br.groups.yahoo.com/group/esperanto-br/ :

Massa crítica e mutação :
http://www.cetico.hpg.ig.com.br/macaco.html
http://www.geocities.com/lgvianna/CentesimoMacaco.htm

06 julho 2006

SENTA AÍ, TALITA! (Hillel, um sábio professor)

HILLEL, UM SÁBIO PROFESSOR
(Trecho de artigo publicado no Diário de Petrópolis, em 10.07.1999)
Fernando J G Marinho

Há cerca de três décadas, lecionei matemática para turmas correspondentes às atuais 5a e 6a séries do 1° grau em um curso noturno da Escola Técnica D. Bosco , em Resende-RJ . Como o exercício do magistério não era a minha atividade principal, resolvi aprimorar meus conhecimentos pedagógicos lendo A ARTE DE SER UM PERFEITO MAU PROFESSOR, do saudoso mestre Júlio César de Melo e Souza. A motivação para a leitura desse livro foi imediatamente fortalecida quando me deparei com a história narrada na orelha da obra. O Prof. Melo e Souza, cujo pseudônimo Malba Tahan tornou-se mundialmente conhecido graças à tradução de várias das suas criações para um sem número de idiomas, começa descrevendo quem era Hillel e a nos induzir à admirá-lo e seguí-lo como modelo. Com a palavra o mestre Melo e Souza:

" Já lá se vão muitos e muitos séculos... Havia na Judéia um rabino chamado Hillel. Era um homem de caráter reto, chefe de família exemplar, dotado de extraordinário e incalculável saber. Em conferências, na Sinagoga, esclarecia as passagens mais difíceis e obscuras dos Livros Santos. Reconheciam todos que o rabi Hillel dispensava a seus alunos ( que eram numerosos), o maior respeito e amizade. Tratava-os com extrema cordialidade e dedicação. Procurava auxiliar e motivar os mais fracos e animar e amparar os mais tímidos. Jamais dirigia a um de seus educandos uma palavra descaridosa e áspera. Era, para com todos, simples, justo e acolhedor. Quando chegava diante da classe, antes de iniciar a lição, o sobreexcelente Hillel cumprimentava os alunos, inclinando-se três vezes.
Certa vez, o estimado Naumin, cantor da Sinagoga, interpelou o sábio Hillel:
- Rabí! Estranho é o teu proceder. És o homem mais sábio de Israel. As tuas eloqüentes lições, no Templo, são ouvidas com o maior acatamento até pelos anciãos doutos e veneráveis. E, no entanto, tratas os teus jovens e inscientes alunos sem o mais leve traço de superioridade, com extrema brandura. E tu estás, ó Rabi, muito alto! Como poderias justificar essa tua maneira singelíssima de acolher os educandos?
Respondeu Hillel, com serenidade:
- Meu filho, trato os meus alunos com o maior respeito, procuro cativá-los e orientá-los pelo bom caminho, por um motivo muito simples: Eu sei, com segurança, o que sou ; sei também, o que posso valer. Mas o que eles, os meus pacientes alunos serão e o que poderão valer, eu não sei, nem poderei saber!
E inclinou-se, novamente, três vezes diante de seus alunos.
Como é singular o destino! Não há palavras perdidas pelos caminhos da vida. Entre os alunos de Hillel achava-se naquela ocasião, um adolescente chamado Jesus, filho do nazareno José, o Carpinteiro. "

O último contato que tive com meus ex-alunos da Escola Técnica D.Bosco ocorreu dois anos após haver me afastado das funções de professor daquele estabelecimento de ensino. Foi justamente na festa de diplomação dos meus jovens ginasianos que, emocionadíssimo agradeci , publicamente , o fato de terem me convidado para servir como paraninfo da turma e os ensinamentos que também haviam me transmitido.

Quanto ao sábio Hillel, acabei admirando-o mais ainda, quando tomei conhecimento da influência que as suas idéias haviam exercido sobre uma outra notável personalidade: Ludovico Lázaro Zamenhof (1859-1917). O livro " HOMARANISMO - a idéia interna " , de Délio Pereira de Souza, Editora Espírita Sociedade F.V.Lorenz ( Rio de Janeiro-RJ ), cuja apresentação, feita pelo professor e amigo Benedicto Silva, merece ser aqui reproduzida, nos dá uma boa noção do valor desses dois extraórdinários filantropos .

"Entre os esperantistas e não-esperantistas, é comum referir-se a Zamenhof apenas como o criador ou, como ele mesmo se dizia, o iniciador da língua internacional Esperanto.
E o foi, realmente.
Entretanto, para que possamos avaliar a imensa estatura do seu espírito, não podemos limitar-nos a vê-lo tão-somente como o genial lingüista que legou à humanidade o mais perfeito instrumento de comunicação internacional, nem tampouco como o eminente estilista que se revelou através de dezenas de traduções das mais representativas obras da literatura universal, desde os livros do Velho Testamento, até as clássicas páginas de Shakespeare, Dickens, Andersen, Schiller, Heine, Goeth, Molière e Gogol.
A grandeza de Zamenhof reside principalmente na evangélica ternura com que ele dedicou toda a sua vida à solução de um dos maiores e mais antigos problemas da humanidade- a incompreensão dos povos, incompreensão geradora dos mais profundos ódios e das guerras mais sangrentas.
Atormentado, desde a infância, pelas hostilidades decorrentes de toda sorte de preconceitos, dentre os quais avultaram os raciais, já na infância sentiu despertar em sua alma sensível e cristã o germe do sentimento a que deu o nome de "homaranismo", e que outra coisa não era senão um grande e sincero amor à humanidade, à coletividade dos homens.
Esse sentimento não só fez de Zamenhof o protótipo do cosmopolita, como também o induziu a dotar sua língua internacional - o Esperanto- de uma certa magia, de um certo sortilégio, que ele chamou de "interna ideo"( idéia interna), e que consiste num poder misterioso, capaz de estabelecer um sentimento fraternal entre as pessoas que o praticam, qualquer que seja a raça, a nação ou a religião a que pertençam.
Em Zamenhof o gênio lingüistico não suplantou o dom apostólico. Antes, serviu-lhe de caminho- o caminho mais indicado que se devia seguir para atingir o fim desejado.
Isto é o que todo leitor sente ao ler a obra original de Zamenhof, constituída, em sua maior parte, de cartas e pequenos tratados.
Délio Pereira de Souza foi além. Captou a mensagem e não a guardou avaramente para si. Comentou-a, esmiuçou-a com paciência beneditina e no-la deu assim, de mão beijada, num gesto de cristianíssima generosidade. "

27 junho 2006

SENTA AÍ, TALITA!(Acredite, se puder)

Talita:
Remexendo meus arquivos, a procura de um outro assunto que gostaria de incluir neste nosso livrinho, deparei-me com o texto abaixo, escrito em junho de 1996, precisamente há 10 anos. Ah, que saudades das minhas caminhadas quilométricas, respirando o ar puro de Araras!As limitações impostas pela saúde física, são evidentes e compreensiveis.Felizmente,a saúde mental continua vigorosa!

ACREDITE, SE PUDER
(FJGM- junho de 1996)



Nos últimos anos adquiri um hábito fantástico: caminhar, diariamente, de 6 a 8 km. Só o exercício físico já seria o suficiente para proporcionar resultados muito positivos. Acontece que, ao caminhar, procuro pôr em prática outros exercícios mais ligados ao plano das idéias, da imaginação. E foi justamente durante uma das recentes caminhadas, enquanto respirava o ar puro das montanhas, subindo e descendo longos trechos da estrada, sentindo a brisa fresca e o perfume suave da vegetação, que me ocorreram estimulantes indagações filosóficas, relacionadas à expansão da consciência humana.

Gostaria de compartilhar com muitas pessoas as idéias que me vieram à mente. É possível que algumas dessas pessoas venham , então, a sentir o mesmo prazer que experimentei, enquanto meditava sobre os diferentes níveis de consciência que distinguem os seres vivos.

Não sei o que me levou a pensar, inesperadamente, nas baleias e nos grupos humanos que se empenham na proteção desses animais.

Até agora, suponho que as baleias não tenham noção da existência de seres que possam vir a se preocupar com a preservação dessa espécie animal. Aliás, suponho também, que elas não cheguem sequer a suspeitar do que vem a ser "preocupar-se", "preservação", "espécie" e muito menos a integração desses conceitos.

O fato de as baleias não terem consciência da existência de entidades que zelam pela sua preservação não impede que tais entidades proliferem e persistam lutando para protejê-las.

E nós, homens, não seremos também animais desprovidos de uma consciência - pelo menos no estado atual - capaz de perceber a existência de seres, entidades ou forças superiores que, analogamente ao que ocorre com as baleias, zelam pela preservação desta pobre espécie?

Não admitir a possibilidade da existência de algo inteligente que esteja fora do alcance da nossa percepção não garante, absolutamente, que esse algo seja apenas fruto de uma imaginação doentia.

Os movimentos a favor da ecologia estão se aprimorando a cada dia, independente dos integrantes dos reinos mineral, vegetal e animal terem ou não consciência do que está sendo feito a respeito.

Não deixa de ser estimulante admitir a possibilidade de haver alguma força misteriosa e incorpórea que esteja batalhando a nosso favor. O que parece mais absurdo: admitir esta hipótese, com base na humilde constatação das nossas limitações perceptivas, ou negá-la, peremptoriamente, com base na presunçosa certeza de que somos racionalmente infalíveis?

No início desta conversa, disse que gostaria de compartilhar com muitas pessoas as idéias que me vieram à mente. A troco de quê teria eu este objetivo? Simplesmente pelo prazer de estar possibilitando que outros sintam a mesma alegria que senti. Alegria decorrente de haver encontrado uma pista, um recurso, um motivo capaz de fortalecer a fé que muitas vezes se apresenta vacilante, particularmente, quando atravessamos momentos difíceis.

Amigo leitor, desejo sinceramente que este texto lhe traga algum benefício. Admita que o fato do autor não o conhecer pessoalmente não chega a afetar a intensidade do desejo de lhe ser , eventualmente, útil. Acredite, se puder.



08 junho 2006

SENTA AÍ,TALITA!(Paulo e suas profecias)

Um dos meus saudosos irmãos, o Paulo, sempre foi uma figura queridíssima de todos que o conheceram. Como ninguém é perfeito, tinha lá os seus defeitos, suas manias, seu modo irreverente de defender pontos de vista. Mas, no fundo, no fundo, era uma pessoa boníssima, incapaz de voluntariamente fazer ou desejar mal a alguém. Bom papo, sorvete Itália, praia e convívio com os jovens era o que mais gostava de fazer. Os sobrinhos que o digam! Muitas das suas idéias, expostas há mais de 40 anos, eram verdadeiras profecias. Chegavam a ser chocantes, para alguns; encaradas como maluquices, por outros; aceitas com certas reservas, por uma minoria. O nosso querido futurólogo tinha alguns hábitos que não conseguia explicar. Jamais foi capaz de me responder por que fazia o sinal da cruz, antes de dar um mergulho nas nossas belíssimas praias, já que, teoricamente, se dizia ateu. Juro que o mundo seria muito melhor do que é se fosse habitado por um número maior de ateus, do tipo do meu irmão Paulo. Acho até, que a freira, uma desconhecida companheira de viagem de ônibus, Rio-Belo Horizonte, que passou por situação extremamente constrangedora ao dialogar com o nosso profeta, acabaria concordando comigo, se o conhecesse melhor. O nosso futurólogo tinha comportamentos, aparentemente paradoxais: alertava-nos para o fato de que, no futuro, a instituição “casamento" iria desaparecer. No entanto, era um eterno dependente da esposa, apaixonado pela minha cunhada Mariinha, pelos filhos, Paulo e Ney, e pelos sobrinhos, Marcos e Cristina, que ajudou a criar. Emocionado, recordo-me da grande festa de bodas-de-ouro do casal Paulo/Mariinha.

Na foto ao lado, o profeta acompanha o irmão caçula na solenidade de abertura do 66º Congresso Mundial de Esperanto,
ocorrido em Brasília-DF,em 1981. Embora não tivesse se filiado a qualquer entidade do movimento esperantista, era um sincero apreciador da idéia da adoção de uma língua neutra internacional para a comunicação entre povos de idiomas diferentes. Conhecedor da gramática do esperanto e adepto de tudo que fosse baseado em raciocínio lógico, em suas rodinhas de bate-papo, argumentava com invejável didática sobre a relativa facilidade do aprendizado dessa língua, comparando-o com o aprendizado das línguas nacionais.

Com relação ao uso de palavras obscenas, enxergava com décadas de antecipação, a situação atual. Mas, na prática, não era, absolutamente, um "desbocado", expressão que empregávamos ao recriminar nossos filhos pelo indevido uso de palavras de baixo calão. O que ele previa, é que a sociedade sofreria grandes modificações. Suas pregações eram como que advertências para que nos preparássemos, com naturalidade, para enfrentar as inexoráveis mudanças. Não fossem as tais pregações, onde procurava reduzir o impacto causado pelos palavrões, comparando-os a simples códigos lingüísticos que deveriam ser liberados sem maiores problemas, ao invés de permanecerem reprimidos, hoje eu teria maiores dificuldades para aceitar o linguajar dos jovens, particularmente, os freqüentadores do Orkut. Filmes, peças teatrais, programas de televisão, crônicas de humoristas famosos e até mesmo títulos de obras literárias revelam que o Paulo estava com a razão.
Mas, vocês devem estar querendo saber como foi o diálogo com a freira. Vou tentar reproduzi-lo. A cena ocorreu durante uma parada do ônibus que ia para Belo Horizonte.Na calçada da estação , uma mulher rodava a sua bolsinha, na expectativa de atrair algum cliente.Sentados no mesmo banco do ônibus, Paulo e a freira. Gravando!
"-Irmã, veja, por exemplo, como reprimimos expressões: o que a senhora acha que aquela senhora está fazendo?"
"-Rodando uma bolsinha, é claro."
"-Está bem. Mas, o que a senhora acha que ela é? Que tipo de atividade exerce?"
A freira, ligeiramente ruborizada diz: "Uma adúltera". Paulo insiste: “Mas a senhora não teria um sinônimo mais popular?”.
Virando o rosto para a janela, sem encarar o interlocutor, ela responde: “Prostituta". Prossegue o pseudo-sociólogo, PHD em indiscrição: "Mas a senhora não precisava virar o rosto para me responder. Encare-me e diga, sem cobrir a boca com as mãos, qual o nome mais usado pelo povão, que substitui a palavra prostituta?”.
Finalmente, a freira, para se ver livre do constrangedor interrogatório, atende ao pedido, cumprindo as recomendações: "Puta!" (Acho que a freira respondeu corretamente, porque não conseguiu liberar o seu real desejo de xingar o mano pronunciando, ainda que baixinho: "Puto!").
Não sei como tive coragem de passar para a galera expressões que não costumo usar no meu dia-a-dia. Só mesmo o Paulo e suas profecias, seria capaz de explicar.
Concluindo: Depois de toda esta preparação, sinto-me mais à vontade para ilustrar o inofensivo uso do palavrão em piadas que circulam pela internet. Trata-se de uma apresentação de eslaides baseada em texto de autoria desconhecida: www.npoint.com.br/sementeira/perucomuisque.pps. Na versão para o esperanto, fiz algumas adaptações, tentando minimizar possíveis choques culturais ( www.npoint.com.br/sementeira/meleagro.pps ) . Divirtam-se !




30 maio 2006

SENTA AÍ,TALITA!(Matando saudades)

Há tempos não vou a São Paulo visitar minha irmã Myriam e a respectiva tropa. Meses atrás ela não resistiu à curiosidade de ver, pessoalmente, como o irmão caçula vem enfrentando “as batidas da sorte”, caracterizadas por duas arritmias e pequenas complicações de somenos( Guilherme, essa é moleza. Até o Dudinha conhece) importância. Foi assim... que resolveu me surpreender com uma inesperada visita,acompanhada, naturalmente, de ilustre comitiva. É bom que tenhamos esses contatos com certa freqüência, entre outras coisas, para não nos assustarmos com as inexoráveis ( Dudinha, pode ir pegar o dicionário que nós aguardamos) mudanças de aparência, decorrentes do avançar da idade e do recuar da saúde. Novamente, no dia 20 deste mês, eis que ela resolve dar uma esticada até nossa casa (desta feita,houve aviso-prévio) acompanhada como sempre de renovada comitiva, depois de haver festejado o aniversário da filha Rita, única ,dentre os filhos, que optou por voltar a morar no Rio, sua cidade natal. Pelo que soube, a “operação surpresa, estrategicamente planejada para se tornar inesquecível, foi um sucesso. Ao invés dos visitantes se apresentarem em um só momento, resolveram fazê-lo de forma impactante: primeiro, se não estou enganado, chega a irmã Sandra ( a mesma do nosso capítulo anterior); logo em seguida , a cunhada Lílian. “ E o papai, não veio?”, pergunta a anfitriã. Ouve-se uma desculpa esfarrapada, e segundos após, sai do esconderijo o guerrilheiro Bueno.Imagino a emoção da filha Rita! “ E a mamãe, não pôde vir?”. Bem, responde a guerrilheira Sandra, “ toma o meu celular e ligue para ela, para dizer que fizemos boa viagem”. Não sei se estou reproduzindo fielmente o que aconteceu, mas... continuemos.Também não sei exatamente , como a minha irmã foi chegando de mansinho e se postou atrás da Rita, enquanto ela , ingenuamente, tentava completar a chamada para São Paulo. Só sei que devem ter rolado muitas emoções.
Por volta da 4 horas da tarde do dia 20, Maria Thereza e eu começamos a receber os visitantes: Bueno,Myriam,Sandra, Lílian,Rita, Luiz Mario, Dinah, Gilberto, Ligia,Talita e Alexandre. Seleção de titulares! Só não chamei o resto da galera porque o apartamento é relativamente pequeno e não queria incomodar os vizinhos pedindo cadeiras por empréstimo. Vejam a foto abaixo. Desculpe-me, Alexandre, mais alguém tinha que bancar o fotógrafo.


Como a “tchurma” ainda não havia tomado conhecimento do capítulo “ Crocodilar, nem sempre resolve”, fizemos um convite para que a Rita- locutora oficial das tradicionais “ cartas de Papai Noel” recebidas pela galera dos Buenos – aceitasse fazer a leitura do nosso texto. Foi uma delícia, recordar situações vividas há tantos anos. Reunião digna de ser repetida!
No decorrer das nossas recordações, Myriam acrescentou uma curiosíssima informação: Aproximadamente, há quatro décadas, numa das anuais idas a São Lourenço-MG, nossa mãe conheceu uma senhora de nome Adalgisa. Conversa vai, conversa vem... em dado momento a tal senhora , resolve “crocodilar” empregando a expressão “ petit-tour”. Surpresa, minha mãe confessa que julgava ser esta uma expressão de uso particular da nossa família, transmitida pela nossa avó Clara, que dos sete aos 21 anos de idade morou na França, tendo como governanta uma senhora de origem alemã. Resumo da ópera: D.Adalgisa era parenta da governanta da minha avó. Este assunto relacionado a acaso, sintonia, coincidências, certamente voltará a ocupar páginas do “ Senta aí Talita!”

FJGM

20 maio 2006

SENTA AÍ,TALITA!(Nem sempre "crocodilar" faz efeito



Recentemente recebi visitas de Marina e de Mariana. Colocamos o papo em dia. Foi tão gostoso saber do sucesso que ambas estão fazendo! Marina, cursando Faculdade de Comunicação, já está trabalhando como estagiária remunerada, lá mesmo onde reside: Salvador-BA. A irmã, às vésperas de embarcar para o Canadá, onde deverá permanecer pelo menos um ano, a serviço da mesma empresa brasileira que a contratou para trabalhar nos Estados Unidos, por período semelhante, progredindo de vento em popa... Matamos as saudades, de forma recíproca. As notícias que o vô-coruja procurava transmitir eram sempre ornadas com justos elogios aos netos daqui do Rio. É provável que, empolgado pelos acontecimentos mais recentes, o fizesse com mais freqüência à determinada neta, ressaltando a todo o momento suas qualidades. Isso foi o bastante para que a avó, de antenas ligadas, lançasse um olhar fulminante, portador de mensagem telepática:
“-Cuidado para não despertar ciúmes!”. Na mesma hora me veio à lembrança o que minha mãe, D.Noemï, minha adorável colega, costumava dizer. Ao invés de mensagens telepáticas ou gestuais, ela fazia uso de expressões francesas, as quais funcionavam como códigos secretos. Era comum ouvirmos :“Cuidado com o
jalousie!”(alertando para o despertar de ciúmes); “ Olha o parti-pris!”(não seja preconceituoso, não tome ,precipitadamente, um partido); “-Vocês querem fazer petit-tour?”(quando, em visitas de cerimônia, percebia que algum de nós poderia querer dar uma voltinha no banheiro, para fazer xixi); “–Alguém quer fazer grand-tour?”(preparando-nos para uma eventual necessidade de maior porte, relacionada a problemas intestinais, ou seja, desprezando eufemismos: alguém quer fazer cocô antes de sair?). Mamãe sabia que era quase impossível obedecer, simultaneamente, as normas gramaticais de duas línguas, ao construir frases híbridas. Estrangeirismo é considerado um vício de linguagem, mas... a linguagem coloquial muitas vezes nos livra de situações embaraçosas. Em esperanto, chamamos de krokodilado a introdução de expressões de outras línguas no meio de frases construídas no idioma neutro internacional. Krokodili é um verbo no infinitivo, derivado do substantivo krokodilo. Geralmente, o krokodilado ocorre entre novatos que ainda não dominam o vocabulário e não encontram as palavras adequadas para expressarem determinado termo ou pensamento. Nos cursos de conversação, os professores de esperanto costumam acentuar a inconveniência da “crocodilagem”: Ne krokodilu, kara lernanto!(Não “crocodile”, caro aluno!). A crocodilagem da D. Noemï era de outra natureza.
Preciso pedir perdão por ter, mais uma vez, introduzido o esperanto na nossa conversa? Creio que o meu fanatismo decorre, do fato de a maravilhosa criação do Doutor Zamenhof não ser ainda levada a sério pela maioria dos habitantes desse planetinha e, em conseqüência, pela necessidade de vê-lo melhor difundido. Lembrando do genial título de uma das obras de Nelson Rodrigues, “ Perdoa-me por me traíres”, ocorreu-me a idéia de escrever algo, ironicamente intitulado “Perdão pelo meu fanatismo!”.
Prometo que terminarei o texto de hoje sem voltar a tocar no nome esperanto.
No início dos anos 70, quando morávamos em Resende-RJ, tivemos o prazer de uma inesperada visita. Protagonista da história: Sandrinha, a filha mais nova da minha irmã Myriam. Na época, estava fazendo um terrível frio. Sandrinha, gripada, febril, portadora de brutal infecção de garganta. A solução encontrada foi a de chamar um médico e, em seguida, um farmacêutico para aplicar, via intramuscular, uma
piqüre com o antibiótico recomendado. Mamãe, apesar de viúva de médico-cirurgião, criou os filhos, na medida do possível, à base de produtos homeopáticos. Bryonia, hepar-sulph, acconitum, antipampirus, cyrtopodium eram para nós vocábulos bem familiares. A precoce Sandrinha, doce como um glóbulo de antipampirus, observava o movimento, sem dizer uma palavra, o que seria até compreensível, dado ao seu estado febril. Mas, o silêncio durou até notar a entrada de um homem de jaleco branco, segurando em uma das mãos o tradicional estojo metálico mais conhecido como porta-seringa. De repente, da boquinha do anjo febril sai um imperativo berro de cortar o coração dos presentes: - Piqüre, não! Eu quero é antipampirus!
Como viram, nem sempre crocodilar faz efeito;crianças espertas desvendam quaisquer códigos secretos.

FJGM

16 maio 2006

SENTA AÍ,TALITA!( No esperanto, eu garanto!)

FJGM

Artur Xexéu foi de uma franqueza absoluta ao escrever o artigo “Aprendendo Alemão”, publicado na Revista O Globo deste último domingo,14 de maio. De uma forma descontraída e bem-humorada ele narra as experiências por que passou durante um curso ministrado por Frau Marracine, cuja missão, nada fácil, se resumia em “fazer 20 jornalistas que se preparam para ir à Copa do Mundo conhecer um pouco do idioma do país-anfitrião”. Segundo Xexéu, “ na primeira aula, ela nos ensinou a dizer Copa do Mundo de Futebol –“Fussball Weltmeisterschaft”- o que fez com que a turma fosse reduzida à metade na aula seguinte. Julguei que o articulista estivesse colocando pitadas de humor para tornar a catarse menos dolorosa. Não tive mais dúvidas, ao ler outro trecho onde é dito que “ na última aula, como na novela do SBT, éramos seis.Alguns desistiram ao descobrir que um pedido de desculpas era impronunciável: “ Entschuldigunde”. Outros, ao perceber que alguns verbos eram divididos ao meio, ficando uma parte no começo da frase e o resto no fim. Mais alguns quando viram expressões pequenas, como “volto já”, virarem frases enormes como “ ich komme gleich wieder”. Concluindo , o jornalista afirma que foi até o fim.Diplomou-se. Mas, acabou dizendo algo seríssimo : “Não dá para dizer que se aprende uma língua em que nunca se ouve a expressão “ a regra é essa”, mas “ a regra quase sempre é essa”.
Se não me falha a memória,há muitos anos, Xexéu publicou um comentário desfavorável ao esperanto, citando-o , de forma sarcástica, como um idioma internacional que ninguém fala. Admito que não tenha sido ele o autor do comentário, pois não quero ser processado por calúnia, uma vez que não guardei as provas do crime. O fato é que, na época, respondi para quem apresentou a crítica infundada, mas não obtive retorno. Procurei demonstrar que o jornalista estava muitíssimo mal informado a respeito do esperanto. Hoje, com o desenvolvimento da internet e graças a poderosos instrumentos de busca, como o Google , não dá mais para continuar imaginando que o esperanto é uma língua internacional que ninguém fala.
Bem, gostaria de dizer ao Xexéu que nunca estudei alemão, no entanto,ao estudar o esperanto acabei tomando conhecimento da existência de vários vocábulos oriundos daquela língua.
Ex: O radical da palavra “danki”, que por sinal é o verbo “ agradecer”, originou-se do alemão. Vale informar que todo verbo no modo infinitivo termina em “i”. Skribi(escrever); legi(ler); rigardi(olhar,observar); meti (pôr, colocar);... O final em “o” indica um substantivo- sem exceções!!!(danko= agradecimento). O final “e” indica um advérbio (danke= agradecidamente); o final “a”, um adjetivo ( danka gesto = um gesto de agradecimento);
Fraŭlo ( é um substantivo de origem germânica e significa “homem solteiro”); fraŭlino(também é um substantivo, mas o sufixo “in”( sem exceções!) indica tratar-se de feminino.Logo, fraŭlino= senhorita, mulher solteira. Numa falsa conclusão, julguei que Frau Marracine fosse um professor solteiro, pois ouvi dizer que “ frauline”, em alemão, é senhorita. Agora, estou supondo que Frau é um nome próprio. A colocação de um “j” no final dos substantivos e adjetivos é a indicação de plural ( sem exceções!). Dankoj , fraŭloj, fraŭlinoj, hundoj(cães),knaboj(meninos, rapazes).Acho melhor ficarmos por aqui. Naturalmente, se algum leitor estiver interessado em maiores informações sobre o esperanto, sugerimos examinar as ligações(links) que colocamos no lado direito deste “blogo” .
Não gosto de afirmar que o esperanto é uma língua fácil, porque a rigor nenhuma língua pode ser considerada fácil. No entanto, afirmo que, em relação às demais línguas ,ele é a mais fácil de todas. Nessa língua, dizemos com segurança :a regra é essa!
No esperanto ,eu garanto!


Agora, vamos para a hora-do-recreio. Vejam o que andou circulando pela internet:

Alemão é facil

A língua alemã é relativamente fácil. Todos aqueles que conhecem as línguas derivadas do latim e estão habituados a conjugar alguns verbos podem aprendê-la rapidamente. Isso dizem os professores de alemão logo na primeira lição.
Para ilustrar como é simples, vamos estudar um exemplo em alemão:
Primeiro, pegamos um livro em alemão, neste caso, um magnífico volume, com capa dura, publicado em Dortmund, e que trata dos usos e costumes dos índios australianos hotentotes (em alemão, "Hottentotten"). Conta o livro que os cangurus (Beutelratten) são capturados e colocados em jaulas (Kotter), cobertas com uma tela (Lattengitter) para protegê-los das intempéries. Estas jaulas, em alemão, chamam-se jaulas cobertas com tela (Lattengitterkotter) e, quando possuem em seu interior um canguru, chamamos o conjunto "jaula coberta de tela com canguru" de Beutelrattenlattengitterkotter.
Um dia, os hotentotes prenderam um assassino (Attentäter), acusado de haver matado a mãe (Mutter) hotentote (Hottentottenmutter) de um garoto surdo e mudo (Stottertrottel). Esta mulher, em alemão, chama-se Hottentottenstottertrottelmutter e o seu assassino chamamos, facilmente, de Hottentottenstottertrottelmutterattentäter.
No livro, os índios o capturaram e, sem ter onde colocá-lo, puseram-no numa jaula de canguru (Beutelrattenlattengitterkotter). Mas, incidentalmente, o preso escapou. Após, iniciarem uma busca, rapidamente vem um guerreiro hotentote gritando: Capturamos um assassino (Attentäter). Qual?? pergunta o chefe indígena. O Beutelrattenlattengitterkotterattentäter, comenta o guerreiro. Como? O assassino que estava na jaula de cangurus coberta de tela? - Diz o chefe dos hotentotes. Sim - responde a duras penas o indígena - O Hottentottenstottertrottelmutteratentäter (o assassino da mãe do garoto hotentote surdo e mudo). Ah, demônios - diz o chefe - você poderia ter dito desde o início que havia capturado o Beutelrattenlattengitterkotterhottentotterstottertrottelmutterattentäter.
Assim, através deste exemplo, podemos ver que o alemão é facílimo e simplifica muito as coisas. Basta um pouco de interesse!!!!!!

13 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA!(Vô no Orkut)

É isso mesmo que você leu: "vovô no Orkut". Estou esclarecendo, porque ainda não me sinto bem familiarizado com os códigos lingüísticos dos usuários dessa incrível ferramenta e imagino ser possível que alguns deles suponham que desejei escrever "Vou no Orkut".
Bem, a novidade é que recebi de uma tal Talita convite para fazer parte daquela
"entidade". E mais: informando-me haver criado, em minha homenagem,uma
comunidade intitulada "Galera do Marulo".Resultado:estou começando a compreender porque motivo os jovens ficam tantas horas grudados em computadores.O negócio é extremamente atraente.Quanto à homenagem e as "msgs hiper-carinhosas, cheias de bjs e abrçs" que "tô" recebendo,só posso dizer que me proporcionam enorme prazer.
Quando me cobraram a colocação de uma foto, ao lado do meu perfil, juro que
titubeei,pelo receio de estar contrariando uma das normas do Orkut (Solicitamos que você não publique fotos contendo celebridades ou nudez).Mas, como "ainda" não sou celebridade e a nudez da minha cabeça é apenas digna de compaixão,"mandei brasa".
A propósito das gírias e expressões arcaicas que venho empregando,devo acrescentar que fiz uma visita virtual à comunidade
Gírias Idosas (214811 membros -"Olá Bacana! Já ouviste uma gíria idosa hoje?Ora bolas, vem logo pra cá! Veja com seus próprios olhos que você não é o único que escuta expressões do tempo do onça!Leia até morrer de rir... Compartilhe conosco outras "estórias" e, até - quem sabe - encontre seu broto, bem aqui!").Como descobri essa comunidade? Ao bisbilhotar a página do querido amigo Eduardo, melhor dizendo, do neto Dudinha.
Para terminar,repasso um oportuno diálogo, contido em texto de autoria desconhecida:

VOVÔ
Uma tarde o neto conversava com seu avô sobre os acontecimentos e, de repente, perguntou: - Quantos anos você tem, vovô? E o avô respondeu: - Bem, deixa-me pensar um pouco... Nasci antes da televisão, das vacinas contra a pólio, comidas congeladas, fotocopiadora, lentes de contato e pílula anticoncepcional. Não existíam radares, cartões de crédito, raio laser nem patins on line. Não se havía inventado ar condicionado, lavadora, secadoras (as roupas simplesmente secavam ao vento). O homem nem havia chegado à lua, "gay" era uma palavra inglesa que significava uma pessoa contente, alegre e divertida, não homossexual. Das lésbicas, nunca havíamos ouvido falar e rapazes não usavam pircings. Nasci antes do computador, duplas carreiras universitárias e terapias de grupo. Até completar 25 anos, chamava cada homem de "senhor" e cada mulher de "senhora" ou "senhorita". No meu tempo, virgindade não produzia câncer. Ensinaram-nos a diferenciar o bem do mal, a ser responsáveis pelos nossos atos. Acreditávamos que "comida rápida" era o que a gente comia quando estava com pressa. Ter um bom relacionamento, era dar-se bem com os primos e amigos. Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava férias juntos. Não se conhecia telefones sem fio e muito menos celulares. Nunca havíamos ouvido falar de música estereofônica, rádios FM, Fitas cassetes, CDs, DVDs, máquinas de escrever elétricas, calculadoras (nem as mecânicas quanto mais as portáteis). "Notebook" era um livreto de anotações. Aos relógios se dava corda a cada dia. Não existía nada digital, nem relógios nem indicadores com números luminosos dos marcadores de jogos, nem as máquinas. Falando em máquinas, não existiam cafeteiras automáticas, micro-ondas nem rádio-relógios-despertadores. Para não falar dos videocassetes, ou das filmadoras de vídeo. As fotos não eram instantâneas e nem coloridas. Havia somente em branco e preto e a revelação demorava mais de três dias. As de cores não existiam e quando apareceram, sua revelação era muito cara e demorada. Se em algo lêssemos "Made in Japan", não se considerava de má qualidade e não existía "Made in Korea", nem "Made in Taiwan", nem "Made in China". Não se havia ouvido falar de "Pizza Hut", "McDonald's", nem de café instantâneo. Havia casas onde se comprava coisas por cinco e 10 centavos. Os sorvetes, as passagens de ônibus e os refrigerantes, tudo custava 10 centavos. No meu tempo, "erva" era algo que se cortava e não se fumava. "Hardware" era uma ferramenta e "software" não existía. Fomos á última geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho. Agora me diga quantos anos acha que tenho? - Hiii... vovô.. mais de 200! Falou o neto. - Não, querido, somente 58!





08 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA ! (Impulsividade em três tempos)_

IMPULSIVIDADE EM TRÊS TEMPOS
Eurípides A. Silva
(Diário da Região - Coluna OPINIÃO, p.3, 17/01/2003)


Certas pessoas, na azáfama e tribulação de suas vidas, costumam reagir de forma impetuosa, como que movidas por um impulso incontrolável, ante a ocorrência de incidentes até mesmo releváveis, candidatando-se a contrariedades de conseqüências imprevisíveis. Das chamadas "deficiências da alma", a impulsividade é das que mais prejudicam as pessoas, sobretudo as de boa índole, pelo fato de decorrer da exacerbação de princípios justificáveis, como os de justiça e dignidade pessoais, associada a um arrebatamento irresistível que enuvia o raciocínio. Criaturas moderadas, mas cuja contraditória natureza as tornam vítimas fáceis do pensamento impetuoso, são as que mais sofrem. De fato, livres da excitação momentânea que caracteriza a impulsividade, deixam-se abater por arrependimento, dando azo a uma perniciosa sensação de remorso - inspiração segura para os infortúnios dela decorrentes. Pessoas vítimas da impulsividade acabam se expondo a atritos e se tornando alvo de ressentimentos, muitas vezes não declarados. Traiçoeiramente dissimulada por sentimentos de autodefesa, a impulsividade destrói relações em todos os níveis. Não poupa nenhuma espécie de relação, seja entre chefe e subordinado, entre amigos, pais e filhos ou entre cônjuges.
Na escola, no trânsito ou na rua, ninguém está livre desse mal. Infelizmente, só com um desejo sincero de contenção e muito empenho pessoal é que se pode anular suas investidas: serenidade é conquista que demanda treino e esforço conscientes. Neste sentido, segundo os cânones da prudência e bom senso, deve-se estar atento para duas máximas: nunca demonstrar que fomos atingidos pelo petardo da maldade alheia e, em última instância, lembrar que o agressor é quem deve estar inquieto.
A título de ilustração e no intuito de amenizar a sisudez deste artigo, deixamos para o leitor três historietas de oportuna identificação com o tema.
O ladrão de bolachas - Uma jovem aguardava pelo vôo na sala de embarque de um grande aeroporto. Para matar o tempo, comprou um pacote de bolachas, uma revista e, recostando-se numa poltrona, pôs-se a ler. Pouco depois, com fome, abriu o pacote e retirou uma bolacha. Ao recolocar o pacote na mesinha ao lado, o homem sentado na poltrona contígua, sem a menor cerimônia, também retirou uma bolacha! Perplexa, viu o sujeito imitá-la duas, três vezes: ela pegava uma bolacha, ele pegava outra! "Fosse eu um homem - pensou - daria um murro na cara dele." De tanta indignação, porém, decidiu prosseguir naquele jogo, até que restou uma última bolacha.
Surpresa, viu o homem dividir a bolacha ao meio deixando, porém, uma das metades na embalagem vazia. Para ela, aquilo foi o máximo do descaramento! Furiosa, levantou-se com a intenção de insultá-lo, mas - felizmente - a comissária já a convidava para embarcar. Na poltrona do avião, bem mais calma, abriu a bolsa para guardar a revista quando deparou com um pacote de bolachas! Num segundo, percebeu seu equívoco: o outro pacote não era o seu! Profundamente envergonhada, quis levantar-se e retornar à sala de espera para se desculpar com o gentil senhor. Era tarde demais.
Porco realmente - Numa de suas belas crônicas de divulgação do esperanto, o amigo e escritor Fernando Marinho (RJ) narra o seguinte episódio. Um motorista dirigia por uma estrada sinuosa quando na contramão surgiu outro carro em alta velocidade. Enquanto fazia malabarismos para evitar o choque iminente, ainda conseguiu advertir: "Cuidado, porco!" O outro motorista, precipitando a cabeça para fora, respondeu na lata: "Porco é você, idiota!" Não é que na curva adiante, numa situação de perigo, uma manada de porcos atravessava a estrada, em tempo de ocasionar um desastre?
O cão assassino - Um vizinho comprou um coelho para os filhos. O outro comprou um cão. Muito chegados, o primeiro não escondeu o receio de que o cão viesse a matar o coelho. "Que nada - disse o segundo - vão acabar apanhando amor um pelo outro!" De fato, os animais cresceram juntos, um no quintal do outro, como dois amigos. Um belo sábado, os donos do coelho viajaram. No domingo à tarde, a outra família assistia tranqüila ao seu programa preferido de TV quando, de repente, seu pastor alemão irrompeu sala adentro trazendo na boca o coelho do vizinho! Morto e sujo de terra!
Pai e filhos, num ímpeto, avançaram sobre o cão e por pouco não o mataram de pancada. "Animal sem coração!", "o que vamos dizer para os vizinhos?" e tome vassourada! Após escorraçar o animal, veio a questão: e agora, o que fazer? Após muita discussão, optaram por devolvê-lo à sua casinha, como se nada soubessem - afinal, o coelho podia ser cardíaco! Antes deram-lhe um banho; até secador e perfume passaram. Não demorou muito e gritos e choros histéricos denunciaram a chegada das vítimas! Minutos após, o dono do coelho bate à porta, branco como quem acabara de ver um fantasma. Exibindo o coelho morto, pergunta para o dono do cão: "O que significa isso?" O vizinho e os filhos simulam surpresa e compaixão: "Meu Deus! Mas há pouco ainda o vimos no quintal!" Foi então que, humilhados, souberam que o coelho tinha morrido no sábado, e que as crianças, desoladas, o enterraram no quintal.
EURÍPIDES A. SILVA
Doutor em matemática pela USP, ex-diretor do Ibilce/Unesp e docente da Unirp e Fafica (Catanduva).


07 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA! (Crer para ver)


CRER PARA VER


Fernando J G Marinho

Não pretendo tratar aqui de milagres, nem do poder da fé. Pretendo apenas reproduzir parte de um artigo escrito por um companheiro de ideais ,que viveu uma experiência extremamente interessante. Não houvesse ele acreditado no que certamente lhe contaram a respeito do esperanto e do movimento esperantista ,jamais teria se interessado pelo estudo dessa língua e, consequentemente, visto com os próprios olhos e sentido de perto verdadeiras manifestações de fraternidade universal. Foi preciso crer, para ver.

O artigo em questão , de autoria de José Carlos Cintra, de São Carlos-SP, foi publicado originalmente pelo periódico O Imortal, republicado pelo informativo Kvar Anguloj, de Campos-RJ e transcrito integralmente no Boletim Informativo Esperanto Atualidades n°14, Jul-Ago/99, da Associação Esperantista do Rio de Janeiro e parcialmente no Diário de Petrópolis, de 20 de novembro de 1999.


OBRIGADO, ESPERANTO!
(José Carlos Cintra)

Em início de 1998,eu planejava realizar um estágio de estudos no exterior, durante um ano, com apoio da Universidade de São Paulo, onde trabalho, e do Ministério da Educação.

Após alguns contatos, ficou definido que eu deveria ir para Nantes, 6a maior cidade francesa, onde há um importante laboratório na minha especialidade profissional. Entre as poucas informações que dispunha sabia que Nantes se situa no vale do Rio Loire, região mundialmente conhecida pelos seus exuberantes castelos, e que é a cidade natal do famoso escritor Jules Verne.

Mas estes dados eram insuficientes para quem iria lá residir com a família, composta pela esposa e duas crianças pequenas. Era preciso saber mais, obter alguns detalhes da vida em Nantes, o clima, a possibilidade de se alugar um apartamento, a provável mesada necessária etc.

Foi aí que passei a me valer do Esperanto- o idioma auxiliar internacional. Inicialmente, consultei o Anuário da UEA- Universala Esperanto-Asocio, onde encontrei o endereço de dois delegados da UEA em Nantes, isto é, dois esperantistas com excelente domínio do idioma e credenciados pela UEA a prestar informações principalmente em suas especialidades profissionais, culturais , de lazer ou "hobby", sempre em esperanto, obviamente.

Com os conhecimentos básicos que tinha do esperanto, não vacilei em escrever-lhes, solicitando as informações que tanto necessitava. Respondeu-me o Sr. Pierre Babin, presidente do Centro Cultural Esperanto de Nantes. Através desta e de uma segunda carta, gentilmente atendeu a todas as minhas indagações. Já próximo da data da viagem, escrevi uma última carta informando a data de chegada e que a família iria um mês depois.

Eis que uma agradável surpresa me esperava: na véspera da viagem, recebi, através da VARIG, o número do telefone do Sr. Henri Lafarque, do Centro Cultual Esperanto de Nantes, com o recado para entrar em contato com ele. Num misto de emoção e alegria, fiz então o primeiro telefonema internacional e em esperanto. Ele queria apenas a confirmação da minha chegada e o horário, pois iria me esperar no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Que notícia tranquilizadora! Para quem viajaria ao exterior pela primeira vez, e sem dominar a língua francesa, aquilo parecia um presente que "caía do céu".

Ao desembarcar em Paris, realmente lá estava o simpático Henri, com um cartaz escrito "esperanto", valendo como um código de identificação. Já tinha um grande amigo na França, que viajara 400 km. Apenas para me recepcionar. Obrigado, Esperanto!

Desnecessário dizer quão útil foi a companhia de Henri, para chegar ao centro da cidade, tomar o metrô e localizar um hotel de preço e conforto razoáveis, tudo isto com o incômodo da enorme bagagem que carregava.

Ainda no mesmo dia, Henri se fez de guia, mostrando-me alguns dos maravilhosos pontos turísticos de Paris. No dia seguinte, a viagem de trem para Nantes. Na chegada, a segunda grande surpresa: após um telefonema de Henri, apareceu outro esperantista, Robert, para nos apanhar em seu carro, e, o mais importante, oferecendo-me hospedagem por alguns dias. Que felicidade! Em vez da solidão de um hotel, o abrigo e o aconchego de uma família. Obrigado , Esperanto!

A gentileza e o carinho do casal Robert-Jeanine e seu filho Samuel, me encantaram profundamente. À noite, lá chegou Monique, outra esperantista, para me dar as boas vindas e também se colocar à minha disposição, até para visitar a região, o que realmente veio a se concretizar no segundo fim-de-semana seguinte.

No outro dia, fomos todos ao Centro Cultural Esperanto assistir a uma palestra de duas esperantistas da Alemanha, com exibição de slides sobre a cidade e o país delas, o que é prática comum no meio esperantista. Após a palestra, aquela confraternização, regada a vinho, queijo e tudo mais. Ali tive a oportunidade de já conhecer a maioria do grupo, cerca de quarenta esperantistas, sentindo-me cercado de muitas atenções, vários deles me oferecendo seus endereços e me convidando para uma refeição em seus lares, o que realmente veio a se confirmar por várias vezes, mesmo após a chegada de minha família. Foi uma noite feliz. Ao colocar a cabeça no travesseiro para dormir, constatava que não era um simples desconhecido em solo francês, mas que já tinha quarenta amigos. Obrigado, Esperanto!

Acabei ficando hospedado por 19 dias na casa de Robert e Jeanine. Tive o tempo necessário para procurar sem afobação um apartamento que me conviesse. Muito mais que a economia que fiz por não gastar com hotel, o convívio com eles foi de um valor inestimável, principalmente a segurança de ter com quem contar caso surgisse alguma necessidade maior.

Robert, Jeanine e Henri muito me ajudaram nos primeiros passos em Nantes, até me ensinando francês. Durante todo o primeiro mês, contei com Henri, praticamente em tempo integral. Para ir ao laboratório pela primeira vez, para percorrer imobiliárias, para abrir a conta bancária, para alugar um telefone, para fazer o seguro-saúde, para conhecer a cidade etc., tinha sempre a valiosa companhia de Henri, cuja fluência em esperanto era notável.

Alugando o apartamento, era necessário mobiliá-lo. Aí ocorreu a terceira grande surpresa. Pediram que fizesse uma lista do que era mais necessário, para circulá-la entre os esperantistas. Desta forma consegui emprestado deles e seus amigos quase tudo para o apartamento: geladeira, fogão, máquina de lavar roupa, mesa, cadeiras, .cama, colchão, ferro de passar, pratas, copos, facas, garfos, colheres e até coador de café. Uma incrível demonstração de solidariedade. Obrigado, Esperanto!

Durante o tempo todo que lá permaneci, o convívio com o grupo esperantista foi sempre muito agradável. Participei das reuniões mensais do Centro Cultural de Nantes, de encontros regionais, de estágios de fim-de-semana, e de feiras do livro com stand de obras esperantistas, em Nantes e em duas cidades vizinhas. Assisti a palestras e visitei em Paris a sede da UFE- União Francesa de Esperanto, e da SAT- Sennacieca Asocio Tutmonda; com a família hospedei-me no Castelo Esperantista Francês, e também na casa de Jean Ripoche, presidente do grupo esperantista Le Mans, onde a convite fiz palestra sobre o Brasil.

Terminado o estágio, após 13 meses na França, era hora das despedidas. "Oficialmente", despedimo-nos em uma reunião festiva na casa de Pierre e Luce Babin, mas ainda revisitei a maioria deles para devolver o que fora emprestado. Pouco antes do embarque no aeroporto de Nantes, a última demonstração de afeto: Robert e Jeanine lá estiveram para a despedida final.

Graças ao Esperanto, constatei que a verdadeira fraternidade não só é possível como de fato existe. E também, graças ao esperanto, estou aprendendo a desenvolver a virtude da gratidão. Obrigado, Esperanto!



06 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA ! (Hillel, um sábio professor)

HILLEL, UM SÁBIO PROFESSOR
Fernando J G Marinho

(artigo publicado no Diário de Petrópolis, de 10 de julho de 1999)

Há cerca de três décadas, lecionei matemática para turmas correspondentes às atuais 5a e 6a séries do 1° grau em um curso noturno da Escola Técnica D. Bosco , em Resende-RJ . Como o exercício do magistério não era a minha atividade principal, resolvi aprimorar meus conhecimentos pedagógicos lendo A ARTE DE SER UM PERFEITO MAU PROFESSOR, do saudoso mestre Júlio César de Melo e Souza. A motivação para a leitura desse livro foi imediatamente fortalecida quando me deparei com a história narrada na orelha da obra. O Prof. Melo e Souza, cujo pseudônimo Malba Tahan tornou-se mundialmente conhecido graças à tradução de várias das suas criações para um sem número de idiomas, começa descrevendo quem era Hillel e a nos induzir à admirá-lo e seguí-lo como modelo. Com a palavra o mestre Melo e Souza:

" Já lá se vão muitos e muitos séculos... Havia na Judéia um rabino chamado Hillel. Era um homem de caráter reto, chefe de família exemplar, dotado de extraordinário e incalculável saber. Em conferências, na Sinagoga, esclarecia as passagens mais difíceis e obscuras dos Livros Santos. Reconheciam todos que o rabi Hillel dispensava a seus alunos ( que eram numerosos), o maior respeito e amizade. Tratava-os com extrema cordialidade e dedicação. Procurava auxiliar e motivar os mais fracos e animar e amparar os mais tímidos. Jamais dirigia a um de seus educandos uma palavra descaridosa e áspera. Era, para com todos, simples, justo e acolhedor. Quando chegava diante da classe, antes de iniciar a lição, o sobreexcelente Hillel cumprimentava os alunos, inclinando-se três vezes.
Certa vez, o estimado Naumin, cantor da Sinagoga, interpelou o sábio Hillel:
- Rabi! Estranho é o teu proceder. És o homem mais sábio de Israel. As tuas eloqüentes lições, no Templo, são ouvidas com o maior acatamento até pelos anciãos doutos e veneráveis. E, no entanto, tratas os teus jovens e inscientes alunos sem o mais leve traço de superioridade, com extrema brandura. E tu estás, ó Rabi, muito alto! Como poderias justificar essa tua maneira singelíssima de acolher os educandos?
Respondeu Hillel, com serenidade:
- Meu filho, trato os meus alunos com o maior respeito, procuro cativá-los e orientá-los pelo bom caminho, por um motivo muito simples: Eu sei, com segurança, o que sou ; sei também, o que posso valer. Mas o que eles, os meus pacientes alunos serão e o que poderão valer, eu não sei, nem poderei saber!
E inclinou-se, novamente, três vezes diante de seus alunos.
Como é singular o destino! Não há palavras perdidas pelos caminhos da vida. Entre os alunos de Hillel achava-se naquela ocasião, um adolescente chamado Jesus, filho do nazareno José, o Carpinteiro. "

O último contato que tive com meus ex-alunos da Escola Técnica D.Bosco ocorreu dois anos após haver me afastado das funções de professor daquele estabelecimento de ensino. Foi justamente na festa de diplomação dos meus jovens ginasianos que, emocionadíssimo agradeci , publicamente , o fato de terem me convidado para servir como paraninfo da turma e os ensinamentos que também haviam me transmitido.

Quanto ao sábio Hillel, acabei admirando-o mais ainda, quando tomei conhecimento da influência que as suas idéias haviam exercido sobre uma outra notável personalidade: Ludovico Lázaro Zamenhof (1859-1917). O livro " HOMARANISMO - a idéia interna " , de Délio Pereira de Souza, Editora Espírita Sociedade F.V.Lorenz ( Rio de Janeiro-RJ ), cuja apresentação, feita pelo professor e amigo Benedicto Silva, merece ser aqui reproduzida, nos dá uma boa noção do valor desses dois extraordinários filantropos .

"Entre os esperantistas e não-esperantistas, é comum referir-se a Zamenhof apenas como o criador ou, como ele mesmo se dizia, o iniciador da língua internacional Esperanto.
E o foi, realmente.
Entretanto, para que possamos avaliar a imensa estatura do seu espírito, não podemos limitar-nos a vê-lo tão-somente como o genial lingüista que legou à humanidade o mais perfeito instrumento de comunicação internacional, nem tampouco como o eminente estilista que se revelou através de dezenas de traduções das mais representativas obras da literatura universal, desde os livros do Velho Testamento, até as clássicas páginas de Shakespeare, Dickens, Andersen, Schiller, Heine, Goeth, Molière e Gogol.
A grandeza de Zamenhof reside principalmente na evangélica ternura com que ele dedicou toda a sua vida à solução de um dos maiores e mais antigos problemas da humanidade- a incompreensão dos povos, incompreensão geradora dos mais profundos ódios e das guerras mais sangrentas.
Atormentado, desde a infância, pelas hostilidades decorrentes de toda sorte de preconceitos, dentre os quais avultaram os raciais, já na infância sentiu despertar em sua alma sensível e cristã o germe do sentimento a que deu o nome de "homaranismo", e que outra coisa não era senão um grande e sincero amor à humanidade, à coletividade dos homens.
Esse sentimento não só fez de Zamenhof o protótipo do cosmopolita, como também o induziu a dotar sua língua internacional - o Esperanto- de uma certa magia, de um certo sortilégio, que ele chamou de "interna ideo"( idéia interna), e que consiste num poder misterioso, capaz de estabelecer um sentimento fraternal entre as pessoas que o praticam, qualquer que seja a raça, a nação ou a religião a que pertençam.
Em Zamenhof o gênio lingüístico não suplantou o dom apostólico. Antes, serviu-lhe de caminho- o caminho mais indicado que se devia seguir para atingir o fim desejado.
Isto é o que todo leitor sente ao ler a obra original de Zamenhof, constituída, em sua maior parte, de cartas e pequenos tratados.
Délio Pereira de Souza foi além. Captou a mensagem e não a guardou avaramente para si. Comentou-a, esmiuçou-a com paciência beneditina e no-la deu assim, de mão beijada, num gesto de cristianíssima generosidade. "

Amigo leitor, entre 12 e 16 deste mês, juntamente com outro coidealista daqui de Petrópolis, Luiz Carlos Schanuel, estarei participando do 35° Congresso Brasileiro de Esperanto ( Campo Grande-MS). Nesse mesmo período do próximo ano, será a vez de Petrópolis servir de sede para o maior evento da Liga Brasileira de Esperanto. A publicação semanal desta coluna ; a realização de cursos básicos da língua internacional na Universidade Católica de Petrópolis, bem como o desenvolvimento do Projeto Sementeira Esperanto no Colégio Estadual Rui Barbosa são algumas das iniciativas que estamos procurando ampliar, com vistas a divulgação do esperanto na Região Serrana e ao maior sucesso do Congresso do ano 2000.
Não deixe de visitar a home page do
Projeto Sementeira Esperanto. A partir dela, você encontrará as informações que deseja.

05 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA ! (Nascimento de uma amizade)

NASCIMENTO DE UMA AMIZADE

Antes que o meu amigo Eurípides, a quem devo os maiores agradecimentos pelo incentivo à realização deste livro, torne a me escrever cobrando a ampliação de informações sobre a adorável colega mencionada páginas atrás, apresso-me em esclarecer o seguinte: Há tanto o que falar sobre a nossa querida mãe Noemï, que nos pareceu mais conveniente não esgotar em único capítulo tudo o que gostaríamos de dizer a seu respeito. As informações serão fornecidas em doses homeopáticas. Enquanto isso não ocorre, falemos sobre o nascimento de uma amizade.

No dia 2 de janeiro deste ano ( 2003) recebi uma mensagem eletrônica de um professor de matemática de S.José do Rio Preto-SP, solicitando informações sobre a possibilidade de ser obtida uma cópia da obra (esgotada) " A ARTE DE SER UM PERFEITO MAU PROFESSOR, de Malba Tahan, a que me refiro no artigo "Hillel, um sábio professor". Depois de antecipados agradecimentos, identificação e telefone para contato, o autor da mensagem, Prof. Eurípides A. Silva , acrescentou o seguinte: " PS. - Tive a honra de ter sido aluno do Prof. Benedicto Silva (esperantista que o senhor menciona no seu artigo) quando aluno do científico (em 66), na cidade paulista de Monte Aprazível."
O contentamento pela favorável repercussão do tal artigo, publicado inicialmente no Diário de Petrópolis, em 10 de julho de 1999; a amabilidade do leitor Eurípides e a coincidência de ter ele sido aluno do prezado coidealista Benedicto Silva, fizeram com que eu não resistisse a um imediato telefonema para S.José do Rio Preto e iniciássemos uma agradável troca de informações. Posso dizer, que a partir do contato telefônico, passamos a nos considerar como se fossemos amigos de velha data. A cada troca de correspondência, continuamos descobrindo novas coincidências relacionadas a interesses , hábitos, atividades e amizades comuns. Por enquanto somos apenas amigos virtuais , mas já nos conhecemos o bastante para desejarmos alimentar indefinidamente a camaradagem que nos une.
Lendo a seguinte reação ao meu telefonema, vocês verão que não estou exagerando:
"Você não imagina a satisfação que me causou sua ligação. Sobretudo pelo seu idealismo em prol da educação. (Também tive a oportunidade de criar colunas semanais em jornais aqui de S. J. do Rio Preto e região, procurando vulgarizar desmistificar a Matemática; Malba Tahan será sempre um modelo a seguir). Hoje, aposentado pela UNESP, ainda leciono em uma universidade de R. Preto e em uma faculdade de Catanduva.......... Saber que você é espírita só aumentou minha admiração, sem falar no respeito pelos esperantistas. (Além do Prof. Benedicto Silva, aqui em R. Preto, tenho um amigo esperantista em São Carlos (SP), professor da USP, que possivelmente você conhece: José Carlos Cintra.) Infelizmente, ainda não pude me dedicar ao Esperanto; espero fazê-lo antes de desencarnar...
Fernando, faço votos para que continuemos nos comunicando. Se conseguir algum resultado sobre o livro de Malba Tahan dê-me a honra de uma ligação ou e-mail. De resto, desejo-lhe um feliz 2003, junto aos familiares, com muita saúde e muita paz.
Prof. Eurípides A. Silva."

Em junho de 1997, estive pela primeira vez em S.J. do Rio Preto . Fomos visitar nosso filho caçula, Luís Eduardo , Heloisa e a dupla do barulho (Dudinha e Betina), que haviam mudado para aquela cidade. Não poderia perder a ocasião de conhecer pessoalmente o conceituado Prof. Benedicto Silva, esperantista de primeira categoria. Recebido em sua própria casa, lá permaneci por algumas horas.(Neste momento, uma luz vermelha imaginária me alerta para ser breve, para respeitar os leitores; uma outra verde, indica: vá em frente, há quem aprecie detalhes) Resumindo: O Professor Benedicto falou-me da sua paixão pela filatelia; das suas viagens ao Japão , a convite de uma organização que utiliza o esperanto como veículo de divulgação de seus objetivos, a "Oomoto" ,
"uma 'nova' religião japonesa , com fundamento na cultura tradicional do Japão, com ritual xintoísta , cujos ensinamentos universalistas demonstram, entretanto , alto respeito pelas religiões de todos os povos". Falou-me, inclusive, das atividades que exercia como tradutor e redator da revista "Oomoto".
Fato curioso ocorreu quando o Prof. Benedicto abriu um grande arquivo de aço e de lá retirou alguns envelopes enviados por seus correspondentes, ornamentados com belíssimos selos comemorativos, oriundos de várias partes do mundo. Ao reconhecer no primeiro envelope a inimitável caligrafia de um velho amigo , surpreso exclamei: " Não me diga que esta carta é do samideano Werner Heimlich, de Soltau, Alemanha ! " E era. O Sr Werner foi um dos primeiros correspondentes que tive. Quando começamos a nossa troca de cartas, postais, revistas e fotos, ambos éramos iniciantes no aprendizado do esperanto. Como diria Malba Tahan, "já lá se vão 50 anos... !"

Quanto ao José Carlos Cintra, citado pelo Eurípides, o que tenho a dizer já havia sido publicado em artigo do dia 20 de novembro de 1999, no Diário de Petrópolis. Além de aparecer na página citada,
será aqui reproduzido , um pouco mais adiante, sob o título "Crer para ver".

E quanto A ARTE DE SER UM PERFEITO MAU PROFESSOR ? Bem, a primeira providência foi publicar uma nota em duas das listas de debates pela internet, mantidas por amigos esperantistas, expondo o nosso interesse em obter uma cópia do livro em questão. A resposta com a indicação de bibliotécas universitárias e livrarias que operam com livros usados (sebos) foi imediata.
Mais uma gentil reação do Eurípides: "Caramba, como são bem informados seus companheiros! Gente finíssima! Sou-lhe infinitamente agradecido pela solicitude e presteza. Já estou procurando contatar a Universidade referida pelo Jozefo."
Dias mais tarde, fui surpreendido com o recebimento pelo correio de uma cópia do livro " que havia emprestado a não sei mais quem e adeus...! " O autor da remessa só poderia ter sido o prezado Eurípides.
Aí está, como nasce uma amizade. Esperamos que no futuro possamos ler uma crônica escrita pelo próprio Eurípides, intitulada "Como nasce um esperantista." Interesse e dotes para aprender a língua neutra internacional não lhe faltam. Competência para escrever belos artigos, também não. Vejam, mais adiante, depois de "Hillel, um sábio professor" e de "Crer para ver", o que ele nos diz, em "Impulsividade em três tempos".

FJGM,17.02.2003
ANOTAÇÕES:
Meu caro Eurípides,
1. Não se esqueça que este é um rascunho do rascunho. Discordando de alguma abordagem feita, por favor, não faça cerimônias e entre com uma "liminar" sob a forma de e-mail, solicitando o impedimento da publicação do que julgar que não deva aparecer no livro.
2. Vexame: Só hoje percebi que estava digitando incorretamente o seu nome, escrevendo Eurípedes ao invés de Eurípides.
Abraços do
Marinho