CENTÉSIMO MACACO
(Artigo publicado no Diário de Petrópolis, em 27.11.1999)
*Fernando J G Marinho
Tendo encontrado, em quatro ou cinco obras de autores diferentes, alusões ao interessantíssimo fenômeno conhecido como "Centésimo Macaco", passei a percorrer livrarias em busca de maiores informações sobre o assunto.
Em julho de 1993, por ocasião do 29° Congresso Brasileiro de Esperanto,em São Paulo-SP, finalmente localizei junto à uma centena de outros títulos editados no idioma internacional o livro "La Centa Simio", que foi publicado na Holanda pelo "Internacia Esperanto-Instituto". Amparado pelas palavras do próprio autor - que dispensou as reservas de direitos autorais e solicitou a reprodução total ou parcial de sua obra, para ser divulgada no maior número possível de línguas à maior quantidade possível de pessoas - senti-me extremamente motivado a vertê-lo do esperanto para o português e a fazer com que a Cooperativa Cultural dos Esperantistas( RJ) o publicasse.
São palavras do autor, Ken Keyes , Jr.:
"Este livro não trata de futilidades. Ele indica como agir, com relação à nossa vida e ao nosso mundo. Ele nos diz como permanecermos vivos. Ele aborda a enormidade dos perigos nucleares. Mas, nos revela a surpreendente possibilidade de mudarmos a seqüência dos fatos. "
Parece-me que a maioria das pessoas necessita de um "empurrãozinho extra" para realizar qualquer coisa fora da rotina. Ken Keyes nos conta como ocorreram os empurrõezinhos que o levaram a escrever o Centésimo Macaco.
Certamente, temos recebido no decorrer de nossas vidas vários empurrõezinhos. Muitas vezes chegamos a pensar em iniciar um empreendimento, uma viagem, um curso, uma carta, uma dieta, um tipo de abstinência, um plano, mas não levamos a idéia adiante. É provável que estejamos dependendo apenas daquele estímulo fundamental, "o centésimo", o que irá transformar nosso estado de espírito e desencadear as ações desejáveis. Pense nisso. Agora, conheça a história do Centésimo Macaco :
"Durante mais de trinta anos, um tipo de macaco japonês (Latim: Macaca fuscata) foi analisado em estado selvagem. Em 1952, pesquisadores deram batatas-doces aos macacos da ilha Koshima. As batatas caíram na areia. Os símios gostaram do sabor das batatas cruas, mas acharam desagradável o da areia. Uma fêmea de dezoito meses, chamada Imo, descobriu que poderia resolver o problema lavando as batatas num riacho próximo. Ela ensinou sua esperteza à própria mãe. As amigas também aprenderam esta nova maneira de proceder e a transmitiram para as respectivas mães. Diante dos olhares dos pesquisadores, esta novidade cultural foi sendo, gradativamente, aprendida por vários macacos. Entre 1952 e 1958 todos os jovens macacos aprenderam a lavar batatas sujas de areia, para torná-las mais saborosas. Somente os adultos que imitaram seus filhotes, aprenderam esse tipo de evolução social. Outros adultos permaneceram comendo batatas sujas.
Eis que acontece algo sensacional: No outono de 1958 um certo número de macacos da ilha Koshima ( o número exato é desconhecido) lavava batatas. Suponhamos que ao alvorecer daquele dia, havia na ilha 99 macacos que já tinham aprendido a lavar batatas. Suponhamos ainda, que em seguida, naquele mesmo dia, um centésimo macaco aprendeu a lavar batatas. Nesse instante algo importante aconteceu! Naquela tarde, quase todos os membros do grupo haviam lavado as batatas antes de comê-las. A energia acrescentada pela adesão do centésimo macaco, de alguma forma, provocou uma eclosão ideológica! Mas, vejam bem! O que mais surpreendeu os pesquisadores foi o fato de o hábito de lavar batatas haver, espontaneamente, cruzado os mares. Colônias de macacos de outras ilhas e do monte Takasaki, da ilha Kiusho, começaram a lavar suas batatas( "Lifetide", de Lyall Watson, p.147-148, Bantan Books,1980. Este livro fornece outros fascinantes detalhes). Conclui-se que, quando uma quantidade de indivíduos que adquiriram determinado conhecimento atinge certo número crítico, esse novo saber pode ser transmitido de uma mente para outra. Embora o número exato possa variar, o fenômeno do centésimo macaco significa que, quando apenas um número limitado de pessoas sabe de um caminho, este pode permanecer como propriedade da consciência dessas pessoas. Mas existe um ponto a partir do qual basta que apenas mais uma pessoa sintonize com essa nova consciência, para que seja fortalecido um campo capaz de expandir essa consciência atingindo quase todas as pessoas."
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Rio, 14.07.2006
Grande Mariana!
Li o seu comentário a respeito do " Acredite, se puder", e a sugestão de incluir o texto acima no livrinho da prima Talita. Aproveito a oportunidade para dizer que o fenômeno do centésimo macaco não é aceito por muitos pesquisadores como uma verdade absoluta. Divergência de opiniões e de crenças não é coisa rara, mesmo entre cientistas de renome. Ainda que venha a ser comprovado que parte das experiências narradas em " Lifetide" seja fruto da imaginação do seu autor, Lyall Whatson , não poderemos negar os positivos resultados advindos da aceitação do fenômeno em questão como verdadeiro. O próprio Ken Keynes nos revela como ocorreram os " empurroezinhos" que o levaram a escrever " O centésimo macaco", onde ele aborda a enormidade dos perigos nucleares , outro assunto extremamente polêmico. Prosseguindo nas minhas reflexões, lembrei-me das famosas fábulas de Esopo. As fábulas e as metáforas de um modo geral podem ser meras criações de seus autores( ficção pura) , mas o que fica e muitas vezes produz resultados reais surpreendentes, são os conceitos assimilados como " moral da história".
Para saber mais sobre O CENTÉSIMO MACACO, veja as dicas fornecidas pelo amigo Jozefo Pacheco , proprietário da lista http://br.groups.yahoo.com/group/esperanto-br/ :
Massa crítica e mutação :
http://www.cetico.hpg.ig.com.br/macaco.html
http://www.geocities.com/lgvianna/CentesimoMacaco.htm
14 julho 2006
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