Aviso aos navegantes desta galera.


Ótimas Notícias:
1.Depois de longo período inativo, nosso computador já está recuperado!!!
2.Apesar desse longo período de inatividade, o blog www.esperantoforadatoca.blogspot.com foi incluído no rol dos concorrentes que participarão da 2ª fase do concurso TopBlog2010,na categoria COMUNICAÇÃO( pessoal).
Detalhe: na lista, em ordem alfabética, dos selecionados,procurar dentre os que começam com as letras "www".



Estou em plena fase de recuperação. Só estou apanhando no uso do lap top. Daí, provisoriamente, não poder responder as mensagens dos queridos amigos.

16 julho 2006

SENTA AÍ,TALITA!(Lições de quem sabe o que faz)

LIÇÕES DE QUEM SABE O QUE FAZ

Uma simples troca de correspondência iniciada no Orkut foi o suficiente para que surgisse neste despretensioso livrinho uma “ aula magna”. É claro que não serei eu o expositor da matéria. Pretendia apenas repassar para os leitores desta Galera do Marulo algumas informações colhidas do sítio www.aikidoharmonia.com.br , enaltecendo o trabalho do querido sobrinho José Roberto. Não seria justo que só eu e uma meia-dúzia de parentes ficasse sentindo orgulho do Bueno sensei. Também não seria justo que eu protelasse a publicação de mais um capitulo do “Senta aí, Talita!” até sentir-me em condições de ordenar idéias e de redigir algo , ainda que resumidamente, que mostrasse de forma objetiva do que é capaz um idealista-realizador, membro da família Marinho.
Para ganharmos tempo, aqui vai a aula-magna, sob a forma de mensagem recém-rebida:

Querido tio
Novidades frescas daqui:
Ontem teve início o maior evento Nipo-Brasileiro do país: o 9º Festival do Japão.
Serão dois finais de semana com tudo que possa imaginar sobre o país das cerejeiras. Go, sumi-e, Toyota, Gatebol, pipas, karaokê, muito yakisoba, cerimônia do chá, shodo, e obviamente artes marciais. Pelo segundo ano, me convidaram para representar o Aikido e lá fui eu com as crianças da ONG e voluntários faixas pretas para mostrar muito mais que defesa pessoal, chutes e socos, tombos e gritos. Aos poucos o público veio chegando mais perto, atraídos pela mensagem humanista do Aikido e pela beleza dos movimentos. Mestre Ueshiba falava que o verdadeiro propósito do Aikido é nos lembrar que pertencemos a uma única família .. sabia disso? Nada mais familiar, não?
Novidades de julho:
No próximo sábado volto ao Festival para contar no auditório a experiência da Ação Harmonia. Será um contexto um pouco diferente e vamos “encenar” o percurso do caos à harmonia vivido nos últimos 4 anos desde que começamos o projeto com as crianças na periferia.
Na outra semana é a vez de mostrar o projeto no Congresso Brasileiro de Terapia Familiar. E isso tem a mão da Lilian que é do comitê organizador do evento. Ela partilhou os resultados da ONG e vamos falar do impacto sistêmico que o Aikido tem causado no ambiente de violência onde estas crianças moram. A propósito, ela defendeu sua tese de mestrado há algumas semanas e fomos todos prestigiar na PUC.
No final do mês recebo em casa o primeiro voluntário internacional que passará 6 meses no Brasil para apoiar a ONG. Ele é um jovem de 28 anos que conheci em Chipre, num encontro de Aikido entre israelenses e palestinos. Ele será peça decisiva para o que vem por aí no segundo semestre: uma parceria com a Prefeitura de São Paulo que estenderá o Aikido para cerca de 300 crianças da rede municipal. Será o desafio do ano e já está formada uma rede de faixas-pretas voluntários para tocar esta parada forte.
Para terminar, está em estagio avançado a publicação de um novo livro de Aikido que apresentei para a editora Cultrix/Amana-key: Aikido em Três Lições Simples. Um livro simples, sutil e ao mesmo tempo profundo, que prefacio e ilustro a capa com um sumi-e.
Este foi o boletim de julho do teu sobrinho, para começar a por o assunto em dia enquanto esperamos o almoço na Barra ou no Butantã.
Seguem em anexo uma foto recente de um encontro de amigos aikidokas no Aikido Harmonia.
Beijos na família e até breve!
Zé Roberto

-----Mensagem
original----- sábado, 15 de julho de 2006
Meu caríssimo José Roberto:
Prosseguindo o papo iniciado no Orkut, devo dizer que a saúde vai melhorando cada vez mais. Fiquei muito contente ao saber que o " meu garooooto", Fernando, lhe escreveu. Ele está muito feliz com a expectativa de ficar mais próximo da tchurma do Rio e da galera de SP. Havendo chance, nenhum de nós irá deixar passar a oportunidade de um agradável almoço, seja ele na Barra ou no Butantã.
Rapaz... fiquei encantado com as novidades relacionadas ao seu trabalho(
www.aikidoharmonia.com.br)! Puxa vida! Já tenho matéria de primeira qualidade para incluir no livrinho "Senta ,Talita" (www.galeradomarulo.blogspot.com). Os primos e tios mais distantes precisam saber quem é esse Bueno sensei, querido de tantos! Agora, é só questão de tempo e de disposição para começar a " escrevinhar" sobre as suas façanhas. Me aguarde!
Beijocas na galera!
Tio Fernando

Ps: Oomoto tuvo una gran influencia en
Morihei Ueshiba, fundador del Aikido. Como detalle curioso, cabe señalar que Oomoto decidió emplear el esperanto para que su mensaje llegase a más gente. (http://encyclopedie-es.snyke.com/articles/oomoto.html)



14 julho 2006

SENTA AÍ,TALITA!(O centésimo macaco)

CENTÉSIMO MACACO
(Artigo publicado no Diário de Petrópolis, em 27.11.1999)
*Fernando J G Marinho

Tendo encontrado, em quatro ou cinco obras de autores diferentes, alusões ao interessantíssimo fenômeno conhecido como "Centésimo Macaco", passei a percorrer livrarias em busca de maiores informações sobre o assunto.
Em julho de 1993, por ocasião do 29° Congresso Brasileiro de Esperanto,em São Paulo-SP, finalmente localizei junto à uma centena de outros títulos editados no idioma internacional o livro "La Centa Simio", que foi publicado na Holanda pelo "Internacia Esperanto-Instituto". Amparado pelas palavras do próprio autor - que dispensou as reservas de direitos autorais e solicitou a reprodução total ou parcial de sua obra, para ser divulgada no maior número possível de línguas à maior quantidade possível de pessoas - senti-me extremamente motivado a vertê-lo do esperanto para o português e a fazer com que a Cooperativa Cultural dos Esperantistas( RJ) o publicasse.
São palavras do autor, Ken Keyes , Jr.:
"Este livro não trata de futilidades. Ele indica como agir, com relação à nossa vida e ao nosso mundo. Ele nos diz como permanecermos vivos. Ele aborda a enormidade dos perigos nucleares. Mas, nos revela a surpreendente possibilidade de mudarmos a seqüência dos fatos. "
Parece-me que a maioria das pessoas necessita de um "empurrãozinho extra" para realizar qualquer coisa fora da rotina. Ken Keyes nos conta como ocorreram os empurrõezinhos que o levaram a escrever o Centésimo Macaco.
Certamente, temos recebido no decorrer de nossas vidas vários empurrõezinhos. Muitas vezes chegamos a pensar em iniciar um empreendimento, uma viagem, um curso, uma carta, uma dieta, um tipo de abstinência, um plano, mas não levamos a idéia adiante. É provável que estejamos dependendo apenas daquele estímulo fundamental, "o centésimo", o que irá transformar nosso estado de espírito e desencadear as ações desejáveis. Pense nisso. Agora, conheça a história do Centésimo Macaco :
"Durante mais de trinta anos, um tipo de macaco japonês (Latim: Macaca fuscata) foi analisado em estado selvagem. Em 1952, pesquisadores deram batatas-doces aos macacos da ilha Koshima. As batatas caíram na areia. Os símios gostaram do sabor das batatas cruas, mas acharam desagradável o da areia. Uma fêmea de dezoito meses, chamada Imo, descobriu que poderia resolver o problema lavando as batatas num riacho próximo. Ela ensinou sua esperteza à própria mãe. As amigas também aprenderam esta nova maneira de proceder e a transmitiram para as respectivas mães. Diante dos olhares dos pesquisadores, esta novidade cultural foi sendo, gradativamente, aprendida por vários macacos. Entre 1952 e 1958 todos os jovens macacos aprenderam a lavar batatas sujas de areia, para torná-las mais saborosas. Somente os adultos que imitaram seus filhotes, aprenderam esse tipo de evolução social. Outros adultos permaneceram comendo batatas sujas.
Eis que acontece algo sensacional: No outono de 1958 um certo número de macacos da ilha Koshima ( o número exato é desconhecido) lavava batatas. Suponhamos que ao alvorecer daquele dia, havia na ilha 99 macacos que já tinham aprendido a lavar batatas. Suponhamos ainda, que em seguida, naquele mesmo dia, um centésimo macaco aprendeu a lavar batatas. Nesse instante algo importante aconteceu! Naquela tarde, quase todos os membros do grupo haviam lavado as batatas antes de comê-las. A energia acrescentada pela adesão do centésimo macaco, de alguma forma, provocou uma eclosão ideológica! Mas, vejam bem! O que mais surpreendeu os pesquisadores foi o fato de o hábito de lavar batatas haver, espontaneamente, cruzado os mares. Colônias de macacos de outras ilhas e do monte Takasaki, da ilha Kiusho, começaram a lavar suas batatas( "Lifetide", de Lyall Watson, p.147-148, Bantan Books,1980. Este livro fornece outros fascinantes detalhes). Conclui-se que, quando uma quantidade de indivíduos que adquiriram determinado conhecimento atinge certo número crítico, esse novo saber pode ser transmitido de uma mente para outra. Embora o número exato possa variar, o fenômeno do centésimo macaco significa que, quando apenas um número limitado de pessoas sabe de um caminho, este pode permanecer como propriedade da consciência dessas pessoas. Mas existe um ponto a partir do qual basta que apenas mais uma pessoa sintonize com essa nova consciência, para que seja fortalecido um campo capaz de expandir essa consciência atingindo quase todas as pessoas."

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Rio, 14.07.2006

Grande Mariana!
Li o seu comentário a respeito do " Acredite, se puder", e a sugestão de incluir o texto acima no livrinho da prima Talita. Aproveito a oportunidade para dizer que o fenômeno do centésimo macaco não é aceito por muitos pesquisadores como uma verdade absoluta. Divergência de opiniões e de crenças não é coisa rara, mesmo entre cientistas de renome. Ainda que venha a ser comprovado que parte das experiências narradas em " Lifetide" seja fruto da imaginação do seu autor, Lyall Whatson , não poderemos negar os positivos resultados advindos da aceitação do fenômeno em questão como verdadeiro. O próprio Ken Keynes nos revela como ocorreram os " empurroezinhos" que o levaram a escrever " O centésimo macaco", onde ele aborda a enormidade dos perigos nucleares , outro assunto extremamente polêmico. Prosseguindo nas minhas reflexões, lembrei-me das famosas fábulas de Esopo. As fábulas e as metáforas de um modo geral podem ser meras criações de seus autores( ficção pura) , mas o que fica e muitas vezes produz resultados reais surpreendentes, são os conceitos assimilados como " moral da história".

Para saber mais sobre O CENTÉSIMO MACACO, veja as dicas fornecidas pelo amigo Jozefo Pacheco , proprietário da lista http://br.groups.yahoo.com/group/esperanto-br/ :

Massa crítica e mutação :
http://www.cetico.hpg.ig.com.br/macaco.html
http://www.geocities.com/lgvianna/CentesimoMacaco.htm

06 julho 2006

SENTA AÍ, TALITA! (Hillel, um sábio professor)

HILLEL, UM SÁBIO PROFESSOR
(Trecho de artigo publicado no Diário de Petrópolis, em 10.07.1999)
Fernando J G Marinho

Há cerca de três décadas, lecionei matemática para turmas correspondentes às atuais 5a e 6a séries do 1° grau em um curso noturno da Escola Técnica D. Bosco , em Resende-RJ . Como o exercício do magistério não era a minha atividade principal, resolvi aprimorar meus conhecimentos pedagógicos lendo A ARTE DE SER UM PERFEITO MAU PROFESSOR, do saudoso mestre Júlio César de Melo e Souza. A motivação para a leitura desse livro foi imediatamente fortalecida quando me deparei com a história narrada na orelha da obra. O Prof. Melo e Souza, cujo pseudônimo Malba Tahan tornou-se mundialmente conhecido graças à tradução de várias das suas criações para um sem número de idiomas, começa descrevendo quem era Hillel e a nos induzir à admirá-lo e seguí-lo como modelo. Com a palavra o mestre Melo e Souza:

" Já lá se vão muitos e muitos séculos... Havia na Judéia um rabino chamado Hillel. Era um homem de caráter reto, chefe de família exemplar, dotado de extraordinário e incalculável saber. Em conferências, na Sinagoga, esclarecia as passagens mais difíceis e obscuras dos Livros Santos. Reconheciam todos que o rabi Hillel dispensava a seus alunos ( que eram numerosos), o maior respeito e amizade. Tratava-os com extrema cordialidade e dedicação. Procurava auxiliar e motivar os mais fracos e animar e amparar os mais tímidos. Jamais dirigia a um de seus educandos uma palavra descaridosa e áspera. Era, para com todos, simples, justo e acolhedor. Quando chegava diante da classe, antes de iniciar a lição, o sobreexcelente Hillel cumprimentava os alunos, inclinando-se três vezes.
Certa vez, o estimado Naumin, cantor da Sinagoga, interpelou o sábio Hillel:
- Rabí! Estranho é o teu proceder. És o homem mais sábio de Israel. As tuas eloqüentes lições, no Templo, são ouvidas com o maior acatamento até pelos anciãos doutos e veneráveis. E, no entanto, tratas os teus jovens e inscientes alunos sem o mais leve traço de superioridade, com extrema brandura. E tu estás, ó Rabi, muito alto! Como poderias justificar essa tua maneira singelíssima de acolher os educandos?
Respondeu Hillel, com serenidade:
- Meu filho, trato os meus alunos com o maior respeito, procuro cativá-los e orientá-los pelo bom caminho, por um motivo muito simples: Eu sei, com segurança, o que sou ; sei também, o que posso valer. Mas o que eles, os meus pacientes alunos serão e o que poderão valer, eu não sei, nem poderei saber!
E inclinou-se, novamente, três vezes diante de seus alunos.
Como é singular o destino! Não há palavras perdidas pelos caminhos da vida. Entre os alunos de Hillel achava-se naquela ocasião, um adolescente chamado Jesus, filho do nazareno José, o Carpinteiro. "

O último contato que tive com meus ex-alunos da Escola Técnica D.Bosco ocorreu dois anos após haver me afastado das funções de professor daquele estabelecimento de ensino. Foi justamente na festa de diplomação dos meus jovens ginasianos que, emocionadíssimo agradeci , publicamente , o fato de terem me convidado para servir como paraninfo da turma e os ensinamentos que também haviam me transmitido.

Quanto ao sábio Hillel, acabei admirando-o mais ainda, quando tomei conhecimento da influência que as suas idéias haviam exercido sobre uma outra notável personalidade: Ludovico Lázaro Zamenhof (1859-1917). O livro " HOMARANISMO - a idéia interna " , de Délio Pereira de Souza, Editora Espírita Sociedade F.V.Lorenz ( Rio de Janeiro-RJ ), cuja apresentação, feita pelo professor e amigo Benedicto Silva, merece ser aqui reproduzida, nos dá uma boa noção do valor desses dois extraórdinários filantropos .

"Entre os esperantistas e não-esperantistas, é comum referir-se a Zamenhof apenas como o criador ou, como ele mesmo se dizia, o iniciador da língua internacional Esperanto.
E o foi, realmente.
Entretanto, para que possamos avaliar a imensa estatura do seu espírito, não podemos limitar-nos a vê-lo tão-somente como o genial lingüista que legou à humanidade o mais perfeito instrumento de comunicação internacional, nem tampouco como o eminente estilista que se revelou através de dezenas de traduções das mais representativas obras da literatura universal, desde os livros do Velho Testamento, até as clássicas páginas de Shakespeare, Dickens, Andersen, Schiller, Heine, Goeth, Molière e Gogol.
A grandeza de Zamenhof reside principalmente na evangélica ternura com que ele dedicou toda a sua vida à solução de um dos maiores e mais antigos problemas da humanidade- a incompreensão dos povos, incompreensão geradora dos mais profundos ódios e das guerras mais sangrentas.
Atormentado, desde a infância, pelas hostilidades decorrentes de toda sorte de preconceitos, dentre os quais avultaram os raciais, já na infância sentiu despertar em sua alma sensível e cristã o germe do sentimento a que deu o nome de "homaranismo", e que outra coisa não era senão um grande e sincero amor à humanidade, à coletividade dos homens.
Esse sentimento não só fez de Zamenhof o protótipo do cosmopolita, como também o induziu a dotar sua língua internacional - o Esperanto- de uma certa magia, de um certo sortilégio, que ele chamou de "interna ideo"( idéia interna), e que consiste num poder misterioso, capaz de estabelecer um sentimento fraternal entre as pessoas que o praticam, qualquer que seja a raça, a nação ou a religião a que pertençam.
Em Zamenhof o gênio lingüistico não suplantou o dom apostólico. Antes, serviu-lhe de caminho- o caminho mais indicado que se devia seguir para atingir o fim desejado.
Isto é o que todo leitor sente ao ler a obra original de Zamenhof, constituída, em sua maior parte, de cartas e pequenos tratados.
Délio Pereira de Souza foi além. Captou a mensagem e não a guardou avaramente para si. Comentou-a, esmiuçou-a com paciência beneditina e no-la deu assim, de mão beijada, num gesto de cristianíssima generosidade. "