
ocorrido em Brasília-DF,em 1981. Embora não tivesse se filiado a qualquer entidade do movimento esperantista, era um sincero apreciador da idéia da adoção de uma língua neutra internacional para a comunicação entre povos de idiomas diferentes. Conhecedor da gramática do esperanto e adepto de tudo que fosse baseado em raciocínio lógico, em suas rodinhas de bate-papo, argumentava com invejável didática sobre a relativa facilidade do aprendizado dessa língua, comparando-o com o aprendizado das línguas nacionais.
Com relação ao uso de palavras obscenas, enxergava com décadas de antecipação, a situação atual. Mas, na prática, não era, absolutamente, um "desbocado", expressão que empregávamos ao recriminar nossos filhos pelo indevido uso de palavras de baixo calão. O que ele previa, é que a sociedade sofreria grandes modificações. Suas pregações eram como que advertências para que nos preparássemos, com naturalidade, para enfrentar as inexoráveis mudanças. Não fossem as tais pregações, onde procurava reduzir o impacto causado pelos palavrões, comparando-os a simples códigos lingüísticos que deveriam ser liberados sem maiores problemas, ao invés de permanecerem reprimidos, hoje eu teria maiores dificuldades para aceitar o linguajar dos jovens, particularmente, os freqüentadores do Orkut. Filmes, peças teatrais, programas de televisão, crônicas de humoristas famosos e até mesmo títulos de obras literárias revelam que o Paulo estava com a razão.
Mas, vocês devem estar querendo saber como foi o diálogo com a freira. Vou tentar reproduzi-lo. A cena ocorreu durante uma parada do ônibus que ia para Belo Horizonte.Na calçada da estação , uma mulher rodava a sua bolsinha, na expectativa de atrair algum cliente.Sentados no mesmo banco do ônibus, Paulo e a freira. Gravando!
"-Irmã, veja, por exemplo, como reprimimos expressões: o que a senhora acha que aquela senhora está fazendo?"
"-Rodando uma bolsinha, é claro."
"-Está bem. Mas, o que a senhora acha que ela é? Que tipo de atividade exerce?"
A freira, ligeiramente ruborizada diz: "Uma adúltera". Paulo insiste: “Mas a senhora não teria um sinônimo mais popular?”.
Virando o rosto para a janela, sem encarar o interlocutor, ela responde: “Prostituta". Prossegue o pseudo-sociólogo, PHD em indiscrição: "Mas a senhora não precisava virar o rosto para me responder. Encare-me e diga, sem cobrir a boca com as mãos, qual o nome mais usado pelo povão, que substitui a palavra prostituta?”.
Finalmente, a freira, para se ver livre do constrangedor interrogatório, atende ao pedido, cumprindo as recomendações: "Puta!" (Acho que a freira respondeu corretamente, porque não conseguiu liberar o seu real desejo de xingar o mano pronunciando, ainda que baixinho: "Puto!").
Não sei como tive coragem de passar para a galera expressões que não costumo usar no meu dia-a-dia. Só mesmo o Paulo e suas profecias, seria capaz de explicar.
Concluindo: Depois de toda esta preparação, sinto-me mais à vontade para ilustrar o inofensivo uso do palavrão em piadas que circulam pela internet. Trata-se de uma apresentação de eslaides baseada em texto de autoria desconhecida: www.npoint.com.br/sementeira/perucomuisque.pps. Na versão para o esperanto, fiz algumas adaptações, tentando minimizar possíveis choques culturais ( www.npoint.com.br/sementeira/meleagro.pps ) . Divirtam-se !