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Ótimas Notícias:
1.Depois de longo período inativo, nosso computador já está recuperado!!!
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Estou em plena fase de recuperação. Só estou apanhando no uso do lap top. Daí, provisoriamente, não poder responder as mensagens dos queridos amigos.

08 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA ! (Impulsividade em três tempos)_

IMPULSIVIDADE EM TRÊS TEMPOS
Eurípides A. Silva
(Diário da Região - Coluna OPINIÃO, p.3, 17/01/2003)


Certas pessoas, na azáfama e tribulação de suas vidas, costumam reagir de forma impetuosa, como que movidas por um impulso incontrolável, ante a ocorrência de incidentes até mesmo releváveis, candidatando-se a contrariedades de conseqüências imprevisíveis. Das chamadas "deficiências da alma", a impulsividade é das que mais prejudicam as pessoas, sobretudo as de boa índole, pelo fato de decorrer da exacerbação de princípios justificáveis, como os de justiça e dignidade pessoais, associada a um arrebatamento irresistível que enuvia o raciocínio. Criaturas moderadas, mas cuja contraditória natureza as tornam vítimas fáceis do pensamento impetuoso, são as que mais sofrem. De fato, livres da excitação momentânea que caracteriza a impulsividade, deixam-se abater por arrependimento, dando azo a uma perniciosa sensação de remorso - inspiração segura para os infortúnios dela decorrentes. Pessoas vítimas da impulsividade acabam se expondo a atritos e se tornando alvo de ressentimentos, muitas vezes não declarados. Traiçoeiramente dissimulada por sentimentos de autodefesa, a impulsividade destrói relações em todos os níveis. Não poupa nenhuma espécie de relação, seja entre chefe e subordinado, entre amigos, pais e filhos ou entre cônjuges.
Na escola, no trânsito ou na rua, ninguém está livre desse mal. Infelizmente, só com um desejo sincero de contenção e muito empenho pessoal é que se pode anular suas investidas: serenidade é conquista que demanda treino e esforço conscientes. Neste sentido, segundo os cânones da prudência e bom senso, deve-se estar atento para duas máximas: nunca demonstrar que fomos atingidos pelo petardo da maldade alheia e, em última instância, lembrar que o agressor é quem deve estar inquieto.
A título de ilustração e no intuito de amenizar a sisudez deste artigo, deixamos para o leitor três historietas de oportuna identificação com o tema.
O ladrão de bolachas - Uma jovem aguardava pelo vôo na sala de embarque de um grande aeroporto. Para matar o tempo, comprou um pacote de bolachas, uma revista e, recostando-se numa poltrona, pôs-se a ler. Pouco depois, com fome, abriu o pacote e retirou uma bolacha. Ao recolocar o pacote na mesinha ao lado, o homem sentado na poltrona contígua, sem a menor cerimônia, também retirou uma bolacha! Perplexa, viu o sujeito imitá-la duas, três vezes: ela pegava uma bolacha, ele pegava outra! "Fosse eu um homem - pensou - daria um murro na cara dele." De tanta indignação, porém, decidiu prosseguir naquele jogo, até que restou uma última bolacha.
Surpresa, viu o homem dividir a bolacha ao meio deixando, porém, uma das metades na embalagem vazia. Para ela, aquilo foi o máximo do descaramento! Furiosa, levantou-se com a intenção de insultá-lo, mas - felizmente - a comissária já a convidava para embarcar. Na poltrona do avião, bem mais calma, abriu a bolsa para guardar a revista quando deparou com um pacote de bolachas! Num segundo, percebeu seu equívoco: o outro pacote não era o seu! Profundamente envergonhada, quis levantar-se e retornar à sala de espera para se desculpar com o gentil senhor. Era tarde demais.
Porco realmente - Numa de suas belas crônicas de divulgação do esperanto, o amigo e escritor Fernando Marinho (RJ) narra o seguinte episódio. Um motorista dirigia por uma estrada sinuosa quando na contramão surgiu outro carro em alta velocidade. Enquanto fazia malabarismos para evitar o choque iminente, ainda conseguiu advertir: "Cuidado, porco!" O outro motorista, precipitando a cabeça para fora, respondeu na lata: "Porco é você, idiota!" Não é que na curva adiante, numa situação de perigo, uma manada de porcos atravessava a estrada, em tempo de ocasionar um desastre?
O cão assassino - Um vizinho comprou um coelho para os filhos. O outro comprou um cão. Muito chegados, o primeiro não escondeu o receio de que o cão viesse a matar o coelho. "Que nada - disse o segundo - vão acabar apanhando amor um pelo outro!" De fato, os animais cresceram juntos, um no quintal do outro, como dois amigos. Um belo sábado, os donos do coelho viajaram. No domingo à tarde, a outra família assistia tranqüila ao seu programa preferido de TV quando, de repente, seu pastor alemão irrompeu sala adentro trazendo na boca o coelho do vizinho! Morto e sujo de terra!
Pai e filhos, num ímpeto, avançaram sobre o cão e por pouco não o mataram de pancada. "Animal sem coração!", "o que vamos dizer para os vizinhos?" e tome vassourada! Após escorraçar o animal, veio a questão: e agora, o que fazer? Após muita discussão, optaram por devolvê-lo à sua casinha, como se nada soubessem - afinal, o coelho podia ser cardíaco! Antes deram-lhe um banho; até secador e perfume passaram. Não demorou muito e gritos e choros histéricos denunciaram a chegada das vítimas! Minutos após, o dono do coelho bate à porta, branco como quem acabara de ver um fantasma. Exibindo o coelho morto, pergunta para o dono do cão: "O que significa isso?" O vizinho e os filhos simulam surpresa e compaixão: "Meu Deus! Mas há pouco ainda o vimos no quintal!" Foi então que, humilhados, souberam que o coelho tinha morrido no sábado, e que as crianças, desoladas, o enterraram no quintal.
EURÍPIDES A. SILVA
Doutor em matemática pela USP, ex-diretor do Ibilce/Unesp e docente da Unirp e Fafica (Catanduva).