Aviso aos navegantes desta galera.


Ótimas Notícias:
1.Depois de longo período inativo, nosso computador já está recuperado!!!
2.Apesar desse longo período de inatividade, o blog www.esperantoforadatoca.blogspot.com foi incluído no rol dos concorrentes que participarão da 2ª fase do concurso TopBlog2010,na categoria COMUNICAÇÃO( pessoal).
Detalhe: na lista, em ordem alfabética, dos selecionados,procurar dentre os que começam com as letras "www".



Estou em plena fase de recuperação. Só estou apanhando no uso do lap top. Daí, provisoriamente, não poder responder as mensagens dos queridos amigos.

20 maio 2006

SENTA AÍ,TALITA!(Nem sempre "crocodilar" faz efeito



Recentemente recebi visitas de Marina e de Mariana. Colocamos o papo em dia. Foi tão gostoso saber do sucesso que ambas estão fazendo! Marina, cursando Faculdade de Comunicação, já está trabalhando como estagiária remunerada, lá mesmo onde reside: Salvador-BA. A irmã, às vésperas de embarcar para o Canadá, onde deverá permanecer pelo menos um ano, a serviço da mesma empresa brasileira que a contratou para trabalhar nos Estados Unidos, por período semelhante, progredindo de vento em popa... Matamos as saudades, de forma recíproca. As notícias que o vô-coruja procurava transmitir eram sempre ornadas com justos elogios aos netos daqui do Rio. É provável que, empolgado pelos acontecimentos mais recentes, o fizesse com mais freqüência à determinada neta, ressaltando a todo o momento suas qualidades. Isso foi o bastante para que a avó, de antenas ligadas, lançasse um olhar fulminante, portador de mensagem telepática:
“-Cuidado para não despertar ciúmes!”. Na mesma hora me veio à lembrança o que minha mãe, D.Noemï, minha adorável colega, costumava dizer. Ao invés de mensagens telepáticas ou gestuais, ela fazia uso de expressões francesas, as quais funcionavam como códigos secretos. Era comum ouvirmos :“Cuidado com o
jalousie!”(alertando para o despertar de ciúmes); “ Olha o parti-pris!”(não seja preconceituoso, não tome ,precipitadamente, um partido); “-Vocês querem fazer petit-tour?”(quando, em visitas de cerimônia, percebia que algum de nós poderia querer dar uma voltinha no banheiro, para fazer xixi); “–Alguém quer fazer grand-tour?”(preparando-nos para uma eventual necessidade de maior porte, relacionada a problemas intestinais, ou seja, desprezando eufemismos: alguém quer fazer cocô antes de sair?). Mamãe sabia que era quase impossível obedecer, simultaneamente, as normas gramaticais de duas línguas, ao construir frases híbridas. Estrangeirismo é considerado um vício de linguagem, mas... a linguagem coloquial muitas vezes nos livra de situações embaraçosas. Em esperanto, chamamos de krokodilado a introdução de expressões de outras línguas no meio de frases construídas no idioma neutro internacional. Krokodili é um verbo no infinitivo, derivado do substantivo krokodilo. Geralmente, o krokodilado ocorre entre novatos que ainda não dominam o vocabulário e não encontram as palavras adequadas para expressarem determinado termo ou pensamento. Nos cursos de conversação, os professores de esperanto costumam acentuar a inconveniência da “crocodilagem”: Ne krokodilu, kara lernanto!(Não “crocodile”, caro aluno!). A crocodilagem da D. Noemï era de outra natureza.
Preciso pedir perdão por ter, mais uma vez, introduzido o esperanto na nossa conversa? Creio que o meu fanatismo decorre, do fato de a maravilhosa criação do Doutor Zamenhof não ser ainda levada a sério pela maioria dos habitantes desse planetinha e, em conseqüência, pela necessidade de vê-lo melhor difundido. Lembrando do genial título de uma das obras de Nelson Rodrigues, “ Perdoa-me por me traíres”, ocorreu-me a idéia de escrever algo, ironicamente intitulado “Perdão pelo meu fanatismo!”.
Prometo que terminarei o texto de hoje sem voltar a tocar no nome esperanto.
No início dos anos 70, quando morávamos em Resende-RJ, tivemos o prazer de uma inesperada visita. Protagonista da história: Sandrinha, a filha mais nova da minha irmã Myriam. Na época, estava fazendo um terrível frio. Sandrinha, gripada, febril, portadora de brutal infecção de garganta. A solução encontrada foi a de chamar um médico e, em seguida, um farmacêutico para aplicar, via intramuscular, uma
piqüre com o antibiótico recomendado. Mamãe, apesar de viúva de médico-cirurgião, criou os filhos, na medida do possível, à base de produtos homeopáticos. Bryonia, hepar-sulph, acconitum, antipampirus, cyrtopodium eram para nós vocábulos bem familiares. A precoce Sandrinha, doce como um glóbulo de antipampirus, observava o movimento, sem dizer uma palavra, o que seria até compreensível, dado ao seu estado febril. Mas, o silêncio durou até notar a entrada de um homem de jaleco branco, segurando em uma das mãos o tradicional estojo metálico mais conhecido como porta-seringa. De repente, da boquinha do anjo febril sai um imperativo berro de cortar o coração dos presentes: - Piqüre, não! Eu quero é antipampirus!
Como viram, nem sempre crocodilar faz efeito;crianças espertas desvendam quaisquer códigos secretos.

FJGM