Trecho extraído de carta enviada em 2.8.2006 pela minha irmã e madrinha, coruja de primeira grandeza, Maria Tereza ( residente em Cruzeiro-SP),cumprindo com louvor a tarefa que eu havia solicitado, no sentido de contribuir com informações e " causos" para o enriquecimento do nosso livrinho-eletrônico.
A propósito de contribuições, não perdi as esperanças de ser surpreendido,a qualquer momento,com a chegada de algo que nos possibilite recordar como eram deliciosas as reuniões realizadas na casa da nossa mãe para a leitura das famosas Cartas de Papai Noel. Saber como vem sendo mantida essa tradição de nossa família é um ponto que merece ser aqui divulgado. Mas,....vamos ao que interessa:
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(Ano 1925-Niterói)
Talita, quero lhe apresentar membros da família Galvão ( ramo materno de seu avô) que são também seus parentes de 2º e 3º graus : sua tataravó Clara e as duas filhas Noemï (sua bisavó) e Bebê (sua tia de 3ºgrau). Noemï ( minha mãe) morava no Rio ( na época, Niterói era a capital do nosso Rio) e tia Bebê, em Bagé-RS. Vó Clara passava 6 meses do ano, quando o clima era quente, no sul e os 6 meses frios, no Rio( Niterói). Nessa época, sua bisavó Noemï tinha 5 filhos :Talita, José,Paulo, Tito e Maria Tereza.
A propósito de contribuições, não perdi as esperanças de ser surpreendido,a qualquer momento,com a chegada de algo que nos possibilite recordar como eram deliciosas as reuniões realizadas na casa da nossa mãe para a leitura das famosas Cartas de Papai Noel. Saber como vem sendo mantida essa tradição de nossa família é um ponto que merece ser aqui divulgado. Mas,....vamos ao que interessa:
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(Ano 1925-Niterói)
Talita, quero lhe apresentar membros da família Galvão ( ramo materno de seu avô) que são também seus parentes de 2º e 3º graus : sua tataravó Clara e as duas filhas Noemï (sua bisavó) e Bebê (sua tia de 3ºgrau). Noemï ( minha mãe) morava no Rio ( na época, Niterói era a capital do nosso Rio) e tia Bebê, em Bagé-RS. Vó Clara passava 6 meses do ano, quando o clima era quente, no sul e os 6 meses frios, no Rio( Niterói). Nessa época, sua bisavó Noemï tinha 5 filhos :Talita, José,Paulo, Tito e Maria Tereza.
(Enquanto não recebo resposta da consulta que fiz ao Suporte do Blogger, a respeito da colocação de imagens neste trecho, sugiro que cliquem no seguinte endereço http://www.npoint.com.br/sementeira/sandyfamilia3.jpg para ver a foto do casal Justiniano/Noemï rodeado dos filhos acima citados)
Acontece que o marido da tia Bebê- meu tio Luiz Teixeira Mércio- adoeceu com problema renal e precisava de cirurgia ,relativamente,urgente. Como só aceitava ser operado pelo meu pai, no Rio, viajou com a tropa toda e deixou os 4 filhos - Fernando, Helô, Amélia e Roberto - em nossa casa, aos cuidados da mamãe, enquanto tia Bebê acompanhava o marido no hospital, sendo que a internação durou 4 meses ( esse detalhe fiquei sabendo mais tarde, porque na época eu tinha apenas 3 aninhos). Nessa altura do campeonato a casa da sua bivó Noemï virou uma creche, com 9 crianças de 2 a 14 anos: Fernando 14,Talita 13, José 10, Paulo 9, Helô 8, Amélia 7, Tito 6, Maria Tereza 3 e Roberto 2. É mole? Para a sua bivó Noemï não devia ser nada mole, mas para a meninada a chegada dos primos gaúchos, que até então não se conheciam, foi o " máximo". E a turma se entrosou numa boa. Nossa casa tinha um quintal enorme que proporcionava aos primos vários tipos de brincadeiras. Uma das preferidas era o banho de chuva ( daquelas chuvas de verão, fortes e mais ou menos passageiras). Quando o céu começava a escurecer, os mais velhos já mandavam a turma vestir as "roupas de banho", como eram chamados os atuais maiôs e sungas. E a farra começava já aos primeiros pingos de chuva. E era aquele " auê"! Esse programa inocente mas delicioso se repetia em todos os dias chuvosos... até o dia que Helô, a de 8 anos, caiu e bateu com a cabeça numa pedra. Foi um grande susto para todos e papai proibiu os banhos na chuva. José, então, inventou um circo. Ele sempre gostou de se exibir sapateando, tentando acrobacias, etc, e eu, nos meus três aninhos, ficava encantada com as proezas desse irmão. Foi então que ele inventou as tais
pernas de pau e me ensinou a andar ( cá pra nós, eu era uma macaca do meu irmão). E não é que desfilava numa boa ( monitorada por ele, é claro!) toda crente que estava agradando. Esse " número" fazia parte da " programação do circo. E essa "creche da tia Noemï" funcionou até a saída do tio Luiz do hospital , já recuperado da saúde e pronto para retornar ao sul. Mas... a família Galvão Mércio acabou ficando mais um tempinho para passar o Natal conosco. Os nossos primos vibraram com essa decisão que foi comemorada no melhor estilo dos bagunceiros. Oitenta e um anos são passados e, por incrível que pareça, lembro-me com saudades dessa fase gostosa da minha vida , como se fosse ontem.
( Mesmo depois de adulto, como podemos comprovar pela foto http://www.npoint.com.br/sementeira/joseanao.jpg , José não perdeu o entusiasmo por apresentações circenses, ora fazendo mágicas, ora sapateando, ora ensinando aos irmãos mais novos e sobrinhos como dar saltos mortais.Aqui ele distrai a garotada, durante uma reunião familiar, fazendo dupla com o irmão Paulo. Trata-se da imitação de um bem-humorado anãozinho).
Vó Clara era enérgica, mas pródiga em agradar os netos, com presentes e passeios. Do jeito que agradava, também repreendia sem cerimônias ( afinal, os pais estavam presentes...). Os netos prediletos dessa avó eram José e Helô e nesse período da bagunça, foram os únicos que mereceram um " pito" da vovó. Imagine, Talita, a precocidade dos seus primos José e Helô ( 10 e 8 anos): resolveram namorar ! Um belo dia vó Clara, através do vidro de uma porta que separava as salas lá de casa, pegou um flagrante dos dois beijando-se na boca (!!!). É mole? vovó ficou escandalizada e colérica. Passou um " pitão" nos dois inocentes namorados ( tadinhos!) e os colocou de castigo por um tempinho. Imagine se ela visse hoje os " ficantes"...
Entre os feitos de prodigalidade da vó Clara houve um que me marcou muito
nos meus três aninhos: o Natal do ano 1925. Era hábito dos meus pais ( seus bisavós) reunirem a família toda, inclusive empregada e agregada ,como a minha Fofó, que morava em nossa casa ( seu vô-certinho lhe explicará quem foi essa saudosa Fofó), para a "Missa do Galo"(25 de dezembro) e, nesse Natal, então com a presença dos Mércios, a família dobrou e quase lotou a igreja (exagero da sua ti-vó). E lá fomos todos para a igreja, não sem antes, todos, crianças e adultos, colocarem seu sapatinho na janela, na expectativa da vinda ou não do Papai Noel. e isso foi feito sob a orientação de vovó e já era hábito de nossa família enquanto havia crianças crédulas em Papai Noel.. Claro que a turma-mirim participou " a muque" da Missa do Galo, permanecendo com o sentido na janela da casa, onde estavam os sapatos. Ao voltarem e entrarem na sala , que susto! Numa das poltronas, refestelado, estava o Papai Noel ( muito bem caracterizado e com sotaque português) e ao seu lado, uma grande cesta lotada de presentes.
Roberto ficou com medo do bom velhinho e não atendeu ao seu chamado, enquanto a espevitada Terezinha, sem a menor cerimônia, aceitou o convite recusado pelo primo e se instalou no joelho de Papai Noel. Foi um Natal e tanto! Presentes de montão etc, etc etc. Guardei aquela imagem por anos e anos e só descobri a identidade do pseudo-velhinho, quando já com 10 anos, em conversa com a minha Fofó e lembrando os Natais antigos, ela me perguntou: " Você lembra daquele Natal com o Sr. Adelino? Ele estava perfeito, né?". Meu mundo caiu! Esse Sr. Adelino era o marido de uma lavadeira jovem e bonita. Ambos moravam em um quartinho em nosso quintal. Passado o Natal, a garotada voltou para Bagé, onde tio Luiz era fazendeiro. Foi na fazenda dele que seus tios ( meus irmãos ) José e Paulo nasceram. Dez anos depois (1935) o casal Bebê/Luiz voltou para o Rio, em definitivo, com a prole aumentada de uma 5ª filha: Noemï ( vulgo Mizinha). Por falar em 5ª filha, lembrei-me de vó Clara. Explico porque: meus pais casaram-se no sul (Pelotas-RS), passaram uma temporada no Rio até o nascimento da Talita ( 1912) e voltaram para o sul (Cruz Alta-RS) onde papai "fez nome", como mamãe contava, com uma bela clientela; acho que os dois se entusiasmaram com a produção de clientes e fizeram o mesmo com relação à prole. Mamãe caprichou mais 4 filhos nos anos seguintes. Conclusão: foram 5 filhos em 5 anos, é mole? Talitha -1912, Helena-1913, Elizabeth-14,José Geraldo- 15 e Paulo-16. Que fartura, né?Vó Clara contava que quando alguém perguntava " como vai a Noemï?", a resposta era sempre a mesma: " vai bem, no seu estado normal...". Acreditava que por acharem que o clima frio dos pampas estava influindo na fertilidade...( do casal, né?) resolveram voltar para o Rio. Nada disso. Papai deve ter sido transferido para se engajar no exército, como médico-militar. Coincidência ou não... houve uma trégua e o 6º só aconteceu em 1919, trazendo o meu saudoso irmão Tito Luiz. Aí, os espaços se normalizaram: 1922-eu,27-Maria Clara (Clarita), falecida prematuramente com apenas meses de vida, 32- Myriam e para fechar com chave-de-ouro a dezena do fertilíssimo casal, chegou o meu 9º irmão, o avô-certinho dessa galera bonita " Torres + Marinho". E...viva nós ,com essa " raça puro- sangue", como diz a Natalia.........................."