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Estou em plena fase de recuperação. Só estou apanhando no uso do lap top. Daí, provisoriamente, não poder responder as mensagens dos queridos amigos.

07 maio 2006

SENTA AÍ, TALITA! (Crer para ver)


CRER PARA VER


Fernando J G Marinho

Não pretendo tratar aqui de milagres, nem do poder da fé. Pretendo apenas reproduzir parte de um artigo escrito por um companheiro de ideais ,que viveu uma experiência extremamente interessante. Não houvesse ele acreditado no que certamente lhe contaram a respeito do esperanto e do movimento esperantista ,jamais teria se interessado pelo estudo dessa língua e, consequentemente, visto com os próprios olhos e sentido de perto verdadeiras manifestações de fraternidade universal. Foi preciso crer, para ver.

O artigo em questão , de autoria de José Carlos Cintra, de São Carlos-SP, foi publicado originalmente pelo periódico O Imortal, republicado pelo informativo Kvar Anguloj, de Campos-RJ e transcrito integralmente no Boletim Informativo Esperanto Atualidades n°14, Jul-Ago/99, da Associação Esperantista do Rio de Janeiro e parcialmente no Diário de Petrópolis, de 20 de novembro de 1999.


OBRIGADO, ESPERANTO!
(José Carlos Cintra)

Em início de 1998,eu planejava realizar um estágio de estudos no exterior, durante um ano, com apoio da Universidade de São Paulo, onde trabalho, e do Ministério da Educação.

Após alguns contatos, ficou definido que eu deveria ir para Nantes, 6a maior cidade francesa, onde há um importante laboratório na minha especialidade profissional. Entre as poucas informações que dispunha sabia que Nantes se situa no vale do Rio Loire, região mundialmente conhecida pelos seus exuberantes castelos, e que é a cidade natal do famoso escritor Jules Verne.

Mas estes dados eram insuficientes para quem iria lá residir com a família, composta pela esposa e duas crianças pequenas. Era preciso saber mais, obter alguns detalhes da vida em Nantes, o clima, a possibilidade de se alugar um apartamento, a provável mesada necessária etc.

Foi aí que passei a me valer do Esperanto- o idioma auxiliar internacional. Inicialmente, consultei o Anuário da UEA- Universala Esperanto-Asocio, onde encontrei o endereço de dois delegados da UEA em Nantes, isto é, dois esperantistas com excelente domínio do idioma e credenciados pela UEA a prestar informações principalmente em suas especialidades profissionais, culturais , de lazer ou "hobby", sempre em esperanto, obviamente.

Com os conhecimentos básicos que tinha do esperanto, não vacilei em escrever-lhes, solicitando as informações que tanto necessitava. Respondeu-me o Sr. Pierre Babin, presidente do Centro Cultural Esperanto de Nantes. Através desta e de uma segunda carta, gentilmente atendeu a todas as minhas indagações. Já próximo da data da viagem, escrevi uma última carta informando a data de chegada e que a família iria um mês depois.

Eis que uma agradável surpresa me esperava: na véspera da viagem, recebi, através da VARIG, o número do telefone do Sr. Henri Lafarque, do Centro Cultual Esperanto de Nantes, com o recado para entrar em contato com ele. Num misto de emoção e alegria, fiz então o primeiro telefonema internacional e em esperanto. Ele queria apenas a confirmação da minha chegada e o horário, pois iria me esperar no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Que notícia tranquilizadora! Para quem viajaria ao exterior pela primeira vez, e sem dominar a língua francesa, aquilo parecia um presente que "caía do céu".

Ao desembarcar em Paris, realmente lá estava o simpático Henri, com um cartaz escrito "esperanto", valendo como um código de identificação. Já tinha um grande amigo na França, que viajara 400 km. Apenas para me recepcionar. Obrigado, Esperanto!

Desnecessário dizer quão útil foi a companhia de Henri, para chegar ao centro da cidade, tomar o metrô e localizar um hotel de preço e conforto razoáveis, tudo isto com o incômodo da enorme bagagem que carregava.

Ainda no mesmo dia, Henri se fez de guia, mostrando-me alguns dos maravilhosos pontos turísticos de Paris. No dia seguinte, a viagem de trem para Nantes. Na chegada, a segunda grande surpresa: após um telefonema de Henri, apareceu outro esperantista, Robert, para nos apanhar em seu carro, e, o mais importante, oferecendo-me hospedagem por alguns dias. Que felicidade! Em vez da solidão de um hotel, o abrigo e o aconchego de uma família. Obrigado , Esperanto!

A gentileza e o carinho do casal Robert-Jeanine e seu filho Samuel, me encantaram profundamente. À noite, lá chegou Monique, outra esperantista, para me dar as boas vindas e também se colocar à minha disposição, até para visitar a região, o que realmente veio a se concretizar no segundo fim-de-semana seguinte.

No outro dia, fomos todos ao Centro Cultural Esperanto assistir a uma palestra de duas esperantistas da Alemanha, com exibição de slides sobre a cidade e o país delas, o que é prática comum no meio esperantista. Após a palestra, aquela confraternização, regada a vinho, queijo e tudo mais. Ali tive a oportunidade de já conhecer a maioria do grupo, cerca de quarenta esperantistas, sentindo-me cercado de muitas atenções, vários deles me oferecendo seus endereços e me convidando para uma refeição em seus lares, o que realmente veio a se confirmar por várias vezes, mesmo após a chegada de minha família. Foi uma noite feliz. Ao colocar a cabeça no travesseiro para dormir, constatava que não era um simples desconhecido em solo francês, mas que já tinha quarenta amigos. Obrigado, Esperanto!

Acabei ficando hospedado por 19 dias na casa de Robert e Jeanine. Tive o tempo necessário para procurar sem afobação um apartamento que me conviesse. Muito mais que a economia que fiz por não gastar com hotel, o convívio com eles foi de um valor inestimável, principalmente a segurança de ter com quem contar caso surgisse alguma necessidade maior.

Robert, Jeanine e Henri muito me ajudaram nos primeiros passos em Nantes, até me ensinando francês. Durante todo o primeiro mês, contei com Henri, praticamente em tempo integral. Para ir ao laboratório pela primeira vez, para percorrer imobiliárias, para abrir a conta bancária, para alugar um telefone, para fazer o seguro-saúde, para conhecer a cidade etc., tinha sempre a valiosa companhia de Henri, cuja fluência em esperanto era notável.

Alugando o apartamento, era necessário mobiliá-lo. Aí ocorreu a terceira grande surpresa. Pediram que fizesse uma lista do que era mais necessário, para circulá-la entre os esperantistas. Desta forma consegui emprestado deles e seus amigos quase tudo para o apartamento: geladeira, fogão, máquina de lavar roupa, mesa, cadeiras, .cama, colchão, ferro de passar, pratas, copos, facas, garfos, colheres e até coador de café. Uma incrível demonstração de solidariedade. Obrigado, Esperanto!

Durante o tempo todo que lá permaneci, o convívio com o grupo esperantista foi sempre muito agradável. Participei das reuniões mensais do Centro Cultural de Nantes, de encontros regionais, de estágios de fim-de-semana, e de feiras do livro com stand de obras esperantistas, em Nantes e em duas cidades vizinhas. Assisti a palestras e visitei em Paris a sede da UFE- União Francesa de Esperanto, e da SAT- Sennacieca Asocio Tutmonda; com a família hospedei-me no Castelo Esperantista Francês, e também na casa de Jean Ripoche, presidente do grupo esperantista Le Mans, onde a convite fiz palestra sobre o Brasil.

Terminado o estágio, após 13 meses na França, era hora das despedidas. "Oficialmente", despedimo-nos em uma reunião festiva na casa de Pierre e Luce Babin, mas ainda revisitei a maioria deles para devolver o que fora emprestado. Pouco antes do embarque no aeroporto de Nantes, a última demonstração de afeto: Robert e Jeanine lá estiveram para a despedida final.

Graças ao Esperanto, constatei que a verdadeira fraternidade não só é possível como de fato existe. E também, graças ao esperanto, estou aprendendo a desenvolver a virtude da gratidão. Obrigado, Esperanto!